Possivelmente você já as viu por aí. Elas estão em grande parte dos jardins em casas e parques: são as bromélias-tanque. Estas plantas são muito comuns nas florestas e restingas na América do Sul e Central. São representadas por diversas espécies, que podem ser epífitas (crescem sobre outras plantas) ou crescer no solo.
Estas plantas possuem uma peculiaridade muito interessante: suas folhas se sobrepõem e, neste pequeno espaço, são capazes de armazenar água. O habitat aquático formado no interior destas plantas abriga uma fauna riquíssima, incluindo pequenos microorganismos, larvas de insetos e até pererecas, que interagem entre si. Desta forma, as bromélias-tanque representam um pequeno mundo, onde os mesmos processos ecológicos que podemos observar em lagos e lagoas (ou outros ecossistemas aquáticos) podem ser estudados em uma escala reduzida.
Desde 2008, temos utilizado estas plantas como ecossistemas-modelo para estudar diversas questões envolvendo a Regulação e Estruturação de Comunidades. “Atualmente, buscamos compreender de que forma as comunidades aquáticas e os processos ecossistêmicos desempenhados por estes ambientes podem responder as mudanças globais, principalmente no que tange às mudanças climáticas e à fragmentação de habitats”, diz o prof. Dr. Vinicius Farjalla.

Este trabalho vem sendo realizado por três doutorandos e dois mestrandos do laboratório, que integram uma rede global de pesquisadores que também utilizam estas plantas como modelo. Apesar do pequeno tamanho, estas plantas tem muito a revelar sobre o funcionamento da natureza. Em breve, divulgaremos no blog alguns dos resultados encontrados em nossas pesquisas.
Referências:
KITCHING, Roger Laurence. Food webs and container habitats: the natural history and ecology of phytotelmata. Cambridge University Press, 2000.

