* Os textos dessa seção são opiniões pessoais dos autores e não representam a posição do Laboratório de Limnologia
Discussões sobre se a Limnologia se tornou uma ciência ultrapassada têm se tornado cada vez mais recorrente entre os ditos limnólogos. De maneira geral, a Limnologia pode ser entendida como o estudo das águas continentais (do grego, limne – lago e logos – estudo). Ora, uma ciência com toda esta abrangência, em um mundo cada vez mais dependente das “águas continentais”, não poderia jamais ser entendida como uma ciência velha. Então, qual a dúvida?
A Limnologia, dita clássica, teve por um grande tempo, a importante função de descrever os ecossistemas aquáticos em relação aos seus processos físicos, químicos e biológicos. Esta ciência de base foi fundamental para construir a intuição de uma nova geração de limnólogos e sua importância é indiscutível. Porém, a atual problemática dos ecossistemas aquáticos e todo o conhecimento acumulado ao longo da história gerou a inquietude por algo mais: o entendimento dos mecanismos que poderiam explicar os padrões observados. Estabeleceu-se então uma proximidade com os objetivos da dita Ecologia Aquática, o que considero nada mais ser que outra face da Limnologia.
Poderia, então, discorrer sobre a história e todo o legado de grandes nomes da Limnologia, tais como Thienemann, Forel e Sioli, mas ressalto como inspiração o precursor desta maravilhosa confusão, o brilhante George Evelyn Hutchinson. Entre suas contribuições, destaco a criação do conceito clássico de nicho ecológico, usado amplamente por biólogos de diversas áreas. Um cientista que definiu a si próprio como limnólogo contribuíra substancialmente para a base teórica da Ecologia e se tornara um dos maiores ecólogos de todos os tempos! Este caminho tem sido trilhado por um número cada vez maior de limnólogos, o que tem sido sintomático nos encontros nacionais e internacionais de Limnologia. Uma oportunidade de verificar isto é o XIV Congresso Brasileiro de Limnologia que ocorrerá entre os dias 8 e 12 de setembro deste ano em Bonito-MS. O tema deste ano é “Águas Brasileiras: Conservação, gestão e sustentabilidade.”, o que evidencia o tamanho e abrangência desta nova Limnologia. Espero um encontro multidisciplinar, rico em discussão entre as inúmeras faces da Limnologia brasileira.
Uma ciência tão capaz de se renovar e se ajustar as novas necessidades de uma sociedade cada vez mais carente de conhecimento, reforça que a Limnologia nunca será uma ciência ultrapassada. Em um mundo sobre constantes mudanças, a Limnologia é uma ciência cada vez mais atual, importante e abrangente que tem se renovado, se revigorado. Desejo, portanto, olhares cada vez mais atentos aos ecossistemas aquáticos, reconhecendo sua importância como fonte de recursos hídricos, biodiversidade, serviços ecossistêmicos, lazer e inspiração…
A todos um 2013 cheio de inspiração!
* Os textos dessa seção são opiniões pessoais dos autores e não representam a posição do Laboratório de Limnologia







