São Pedro.
Nanã.
Zeus.
Quantas vezes não atribuímos à vontade de divindades as mudanças bruscas no tempo, sejam elas relacionadas à seca ou à chuva. O mistério em torno dos fatores que regulam a chuva esteve presente em toda a história da humanidade e, com frequência, atribuída ao “mau humor” dos deuses. A fé, portanto, tratava de explicar o que não entendíamos. Eis o castigo divino pelo péssimo comportamento da humanidade. Quem nunca ouviu falar da Arca de Noé? Hoje, a ciência, assim como a fé, atribui ao homem às mudanças observadas no clima do planeta.
Na revista Ciência Hoje de maio (CH 303), o Laboratório de Limnologia discute esta polêmica na seção ensaio com o artigo “Fé, ciência e a conta!”. Sobre a ótica dos mecanismos biológicos, como a diversidade de espécies, os pesquisadores Aliny P. F. Pires e Vinicius F. Farjalla discutem a estabilidade dos ecossistemas diante destes estressores.
Os pesquisadores se baseiam em uma série de experimentos que demonstram que ambientes com maior número de espécies são menos sensíveis a mudanças nas condições climáticas. Estes resultados fornecem um importante argumento para a conservação da diversidade de espécies, e dos demais fatores que viabilizam ecossistemas diversos. O último documento produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (do inglês, IPCC), principal órgão responsável pelo tema, trata somente dos mecanismos de adaptação às novas condições no clima.
É estimado um gasto em torno de 14 a 21 bilhões de dólares para que a América Latina se adapte as novas climáticas previstas para o continente. Tamanho gasto se deve, principalmente, à elevada vulnerabilidade das cidades a eventos extremos. Estes conceitos, vulnerabilidade e extremidade, são altamente relacionados. Um evento só é considerado extremo se, além de representar um valor discrepante em relação aos valores pretéritos, o sistema for vulnerável a ele.
Desta maneira, faz-se necessário o estabelecimento de políticas públicas capazes de diminuir a vulnerabilidade das cidades a estes eventos e assim, evitar desastres como os ocorridos na região Serrana do Rio de Janeiro em 2011 . Ou continuaremos culpando São Pedro?
E você o que acha?
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Fale com os autores: alinypfpires@gmail.com
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