Outro dia estive em Belo Horizonte mais uma vez. Eita cidade gostosa e curiosa. Já estive lá muitas vezes, todas muito agradáveis. Algumas mais longas, outras muito curtas. Cada uma com suas lembranças. Cada uma desafiadora: Será que descobrirei mais um tipo de queijo ou de cachaça que me agrade? Quase sempre sim. Sendo um estado de espírito, Minas e consequentemente BH (pros íntimos) terá algo diferente, novo, a surpreender.
Até no futebol, algo que não acontecia há muito tempo, BH surpreendeu… e o Galo, o grande Campeão do Gelo, no longínquo 1950, sagrou-se Campeão da Libertadores, e quem sabe do mundo. Contudo acho que não, pois a decisão será em Marrakech, e lá eu estive, e o Campeão do Gelo vai derreter. Mas pensando bem, será contra os alemães, lá eu vivi, mais frio impossível. Quem derreter por último vence.
Tá…gelo é água, e água é Limnologia… mas o futebol, o que tem a ver contudo isto? Nada mais, desde o dia que entrei em campo com uma camisa do Parauapebas Futebol Clube para uma pelada, em cinco minutos me contundi na panturrilha (sozinho) os reflexos se prolongaram e até hoje, seis meses depois, sofro disto. Também…Parauapebas… não bastava o Mirassol Futebol Clube? Com a camisa do MFC, leão da araraquarense, eu me contundi na alma, pois o cara virou pra mim, ainda durante o expediente, numa sexta-feira de carnaval e disse: “Você já está fantasiado pro carnaval?” Não! Eu estava de férias, mas deu vontade de trabalhar!
Mas, eu estava falando de BH, e quando lá retornei desta última vez, enquanto aguardava o horário da banca começar, saí andando pelo prédio e após alguns passos dados, voltei 25 anos no tempo, quando parado em frente a uma sala me lembrei do meu primeiro congresso de limnologia, efetivamente do I Congresso Brasileiro de Limnologia, que ali se realizou, no longínquo e pra muitos de vocês, no paleozóico 1986. Naquela sala eu apresentei meu primeiro trabalho, sobre estudos nictemerais nas lagoas Imboassica e Iodada, no Norte Fluminense.
Ah… que sufoco! Como perguntaram… especialmente uma pessoa… que dó de mim não teve. Mas não foi ruim, foi um tremendo aperto. Do qual só restou saudade e aprendizado. Não me arrependi, pois mesmo sem saber, também dei um teco na história que hoje é 14 vezes mais que aquilo.
Em setembro, logo daqui a pouco, estaremos rumando para Bonito, para o nosso 140 Congresso de Limnologia. Grande não? Dá orgulho, não? Dá comichão, não? Pensaram vocês daqui a 25 anos, que a angústia e a preocupação que agora vivem diante do seu primeiro congresso, da sua primeira apresentação oral, será saudade e orgulho por ter feito um pedaço dessa história nossa que é ciência misturada com amizade e carinho misturado com cuidado, no vício de pensar na água e o quanto maltratada é!
Ah…pessoal, vamos todos pra Bonito, tá um pouco caro eu sei, mas será inesquecível, será nosso pedaço de doação por uma causa maior que começou com o brado retumbante de meia dúzia de idealistas jovens limnólogos no também Paleozóico 1982, quando fundaram a nossa SBL, hoje ABLimno, e que hoje felizmente, quase todos eles ainda estão juntos de nós.
É o nosso congresso, pode e deve ter a nossa cara, precisa da nossa cara. Precisa de mim e de você. De repente sobra um tempo pra gente descer o Rio da Prata e mais uma vez ter então a certeza de que tudo depende da água, por que eu não! Tchibum…que bom ser limnólogo. E tudo que desce, sobe! Vamos lá verdão!
Comments 1