A pesquisa científica passa por muitas etapas antes da publicação de um artigo. Tudo começa com uma idéia. A partir daí vem todo um planejamento, delineamento amostral, obtenção de dados, análises estatísticas, confecção de gráficos, até o início da escrita do artigo e posterior publicação. Todas as fases são muito importantes, e se uma delas for mal feita o trabalho inteiro pode ser perdido.
Dessas etapas, uma das que estudantes encontram maior dificuldade é na análise dos dados. Muitos alunos olham para uma tabela do Excel cheia de números, sem saber por onde começar. E de fato há várias opções para trabalhar os dados, dependendo dos seus objetivos. Há diferentes programas estatísticos e gráficos, cada um com suas vantagens e desvantagens. Porém como desvantagem geral, a maioria deles é pago, e o preço normalmente é bastante salgado. Alguns contornam este problema usando os softwares instalados no computador do laboratório, outros conseguem hackear o programa para instalá-lo no seu computador.
Mas e se existisse uma alternativa barata e útil a estes programas? Esta alternativa existe. É o R.
O R é uma linguagem de programação bastante funcional para trabalhar com dados. Ele inclui diversas técnicas para análises estatísticas e construção de gráficos. E muito mais funcionalidades podem ser adicionadas – inclusive pelo próprio usuário.
Um dos pontos fortes do R é que ele é totalmente livre. Isto significa que, por ser gratuito, é mais acessível que a maioria dos pacotes estatísticos existentes. O R utiliza a licença GNU, o que significa que você pode:
0) usar o programa como quiser, para qualquer propósito;
1)estudar como o programa funciona, e adaptá-lo às suas necessidades;
2)distribuir cópias do programa para quem você quiser;
3)melhorar o programa e compartilhar estas melhorias com o público em geral, beneficiando toda a comunidade.
Com isso, qualquer um pode adicionar novas funcionalidades ao R. Isto é feito por meio de pacotes. O pacote básico que já vem no R faz bastante coisa, mas ainda existem mais de 4000 pacotes disponíveis para baixar e acrescentar mais funcionalidades. Ou seja: sempre há algo a se aprender no R; novos pacotes são sempre lançados, e se ainda assim você quiser fazer algo que o R ainda não faz, com conhecimento de programação é possível criar um pacote novo e disponibilizá-lo às outras pessoas.
A interface do R pode assustar os iniciantes. Isto porque o R utiliza uma interface de linha de comando, ou seja, ao contrário dos programas a que estamos acostumados, no R quase não há botões para clicar. Em vez disso, os comandos precisam ser digitados. Com isso, é necessário saber o comando, e aprender os comandos básicos pode demorar algum tempo. Por outro lado, a linha de comando te dá muito mais liberdade para escolher o que fazer: você não está limitado pelas opções em botão que os desenvolvedores acharam conveniente colocar no programa.
Não é à toa que o R é cada vez mais utilizado, tanto por ecólogos quanto por qualquer pessoa que precise trabalhar com dados. E, por ser um software livre e ter tantas funcionalidades, provavelmente ele continuará “na moda” por bastante tempo ainda. O R veio para ficar.
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