Por Vanessa Azevedo
Ingressar em um curso superior já estava nos meus planos, porém como conseguiria tal façanha não estava bem delineado. Pensava que as Universidades se localizavam muito longe, chegando a ter certeza que teria que me mudar para perto da que eu passasse porque não conseguiria ir e voltar todos os dias, claro que esse pensamento estava exagerado.
Então buscando alternativas tomei conhecimento do CEDERJ (Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro) , vi que tinha o curso de Biologia, uma das minhas opções, fiz a prova e fui aprovada para o polo de Nova Iguaçu. Mas o que era à distância (e inocentemente achei que seria fácil) foi dado um nome de sistema semipresencial, o que não é nada fácil já que vim de um sistema educacional tradicional, com horas e horas de aulas, olimpíadas de matemática, simulados, planejamento curricular pensado para concursos futuros, etc.
Encontrei-me em um sistema de ensino em que eu fazia o meu horário de estudo, disponibilizaram material impresso das disciplinas, poucos horários de aulas práticas presenciais, tutorias presenciais, por isso o nome semipresencial, e também uma plataforma cheia de ferramentas desde materiais para leitura de apoio, aulas da web, sala de tutoria à distância, fóruns, entre outros. Para os alunos do Cederj dizem a data da prova, que é sempre nos finais de semana, e o conteúdo que seria cobrado na mesma.
Nos intervalos das tutorias presenciais muito se falava em estágios, tanto em escolas como em laboratórios, A partir de então comecei a buscar estágios, fiz um ano de estágio em uma escola municipal e passei um curto período em dois laboratórios antes de chegar ao Laboratório de Limnologia, e já havia pensado que não faria mais estágios, pensava “esse ‘negócio’ de pesquisa não é para mim”. Até que vi alguns trabalhos na área de Educação ambiental (EA), entre eles o da Professora Laísa Freire, surgiu uma vaga para em um projeto de extensão e então ingressei no Laboratório de Limnologia.
A partir desse ingresso, a rotina já sofreu uma alteração como compromisso com horários e contato mais direto com os professores da universidade e outros estudantes do laboratório, uma rotina de encontros e diálogos. Como primeiro trabalho fiz uma apresentação de painel na Biosemana, que até então só havia participado assistindo as palestras. Mais tarde iniciamos a elaboração de uma exposição didática para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), sobre os assuntos acerca da água etc.
Até então não reconhecia o caráter explicito de pesquisa em EA, mas quando passei a estudar o campo, descobri um mundo de publicações, trabalhos de pesquisa etc. A primeira pergunta que me fiz foi “Pesquisa em educação ambiental? Como assim?”. E ao longo do tempo de estágio percebi que essa dúvida não era só minha…
E então foi aí que se deu a descoberta, por minha parte, de uma nova visão de EA, sendo um campo não só de ação, mas também de pesquisa. Nos estudos que temos feito em grupo, o foco é a EA crítica que busca compreender entre tantas outras coisas a dinâmica socioecológica das questões ambientais, se preocupando com o meio ambiente, e também com as pessoas que fazem parte do mesmo. Enfim, acabei me envolvendo com pesquisa novamente, dessa vez vinculada na área da educação e do ensino, o que geram novas demandas de aprendizagem como as bases qualitativas da pesquisa, os critérios de cientificidade que não são necessariamente entendidos do mesmo como os são nas pesquisas em ciências naturais, muitas coisas que ainda estou me familiarizando e que o grupo tem ajudado muito nesta construção.
Concluo aqui o relato da minha experiência com o estágio de extensão universitária dentro da UFRJ, pois uma das premissas do laboratório é que os pilares da universidade não devem ser dissociados, por isso fazemos extensão e pesquisa… além do ensino, é claro. Para mim o estágio é uma experiência além da vivência do meu curso semi-presencial pois posso vivenciar um pouco o cotidiano de uma universidade como a UFRJ e também do trabalho dos pesquisadores do laboratório em suas diferentes linhas de pesquisa. Temos o desafio continuar o trabalho efetivamente juntos nas ações de visita ao laboratório por escolas e nas exposições da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.