O ser humano é, sem dúvida, capaz de realizar “coisas boas e ruins”. Coloco entre aspas, pois estes termos passam pela definição de valores, o que não é o mérito deste post. Entretanto, é consenso que a Ciência e a Arte, nos seus mais diversos âmbitos, estão entre os pontos fortes da nossa natureza. A Arte traz a leveza necessária para encarar a vida, através da música, da pintura, da poesia… Toda e qualquer forma de expressar o sentimento humano, sua história e cultura. A Ciência, por outro lado (ou não!), comunica aquilo que passa pelo intelecto, pela capacidade do homem em questionar e confrontar seus questionamentos através do método científico. Apesar de nem sempre serem colocadas sob a mesma perspectiva, estes duas vocações humanas, podem e devem cada vez mais trabalharem juntas.
Por que?
1 – A capacidade de sensibilizar pela Arte contribui muito para o desenvolvimento de um espírito criativo e curioso, fundamentais à Ciência.
2 – As Ciências fornecem um subsidio ímpar para que o artista pense e construa sua arte.
3 – Porque é muito legal!
Se olharmos com cuidado, veremos que muito da Arte é Ciência pura! Podemos explicar as sensações que um quadro ou uma ilustração pode nos causar, com a física, química e a biologia. Entre os bons exemplos desta relação, o quadro “A noite estrelada” (The Starry Night), obra de Vincent Van Gogh é reconhecida como uma das representações mais fiéis do que é a turbulência. Pura física! Claro, também não poderia deixar de lembrar, daquele que considero o ícone da dobradinha Ciência e Arte: Leonardo da Vinci. Muitas de suas obras idealizadas com um impressionante rigor matemático foram capazes de revelar beleza ainda mais impressionante. É o caminho mais curto e divertido de sensibilizar, de fazer sorrir, chorar e pensar!
É muito comum as revistas de divulgação científica utilizarem as artes gráficas como ferramenta para provocar seu leitor. As atividades de Educação Ambiental e Divulgação Científica desenvolvidas pela Limnologia/ UFRJ também são um bom exemplo do uso da Arte a favor da Ciência. Entre, as primeiras iniciativas explicitas do grupo em tentar vincular Arte e Ciência, destaca-se o Ensaio publicado na revista Ciência Hoje em 2008, “Algo além do número de espécies” (245, volume 41 PDF), que buscou explicar os mecanismos pelos quais a biodiversidade é capaz de afetar positivamente o funcionamento dos ecossistemas. Através de uma analogia com o quadro “Boardwalk”, do neoplasticista Piet Mondrian, o papel de cada espécie na magnitude de um processo ecossistêmico foi comparado a uma das formas geométricas representadas no quadro.
Reconhecendo as múltiplas formas pelas quais a Ciência se funde a Arte, ou vice e versa. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Centro do Rio de Janeiro, apresenta a exposição “Se liga” que trata exatamente da relação entre Ciência e Arte. O visitante é convidado a experimentar sensações e repensar a Ciência por traz delas. Você já pensou na Física por traz de uma música? Nos fundamentos científicos de grandes filmes de ficção, como Godzilla e Star Wars? E na Química por traz de odores? A proposta da exposição surge da perspectiva que tanto a Ciência quanto a Arte possuem a mesma origem: a Imaginação. Assim como um artista projeta um cenário, nem sempre real, ao compor sua obra, o cientista o faz ao propor uma explicação, nem sempre real, para um fenômeno da Natureza. Ambos os caminhos, portanto, surgem da capacidade do homem em imaginar algo, que a Ciência busca testar e a Arte sentir. Vale a pena a visita!
E você, como misturaria Arte e Ciência? Tem uma idéia? Outra opinião? Fale pra gente!