O livro didático é um dos materiais mais utilizados pelos professores durante as aulas e influenciam diretamente a prática docente e a aprendizagem dos alunos. Por tal motivo, é de fundamental importância entender o que é o livro didático, como é feita a seleção dos conteúdos e como ocorre a seleção dos livros que serão utilizados em sala de aula.
Os livros didáticos são investigados como construções curriculares que resultam de diversos contextos (GOMES, 2013), influenciados por órgãos do governo, os próprios autores, as editoras, os professores, os coordenadores e até mesmo os alunos. No Brasil, temos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que difundem os princípios da reforma curricular, a partir das competências básicas, e orientam os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Dessa maneira, podemos inferir que a seleção dos conhecimentos escolares não é algo trivial, mas é produto de várias tensões e interesses que refletem nos conteúdos que serão aprendidos em sala de aula.
Os livros didáticos muitas vezes estruturam uma disciplina por muitas vezes ditar um padrão de estabilidade do currículo pelas séries (GOODSON, 1997), fazendo com que a abordagem dos conteúdos se pareça algo imutável. Porém, apesar de parecerem materiais imutáveis, os livros didáticos sofrem mudanças constantemente. Ao longo dos anos, eles sofreram padrões de estabilidade e mudança (GOODSON, 1997). As estruturas externas criam espaço para que ocorra a valorização de outros conteúdos a serem passados para as futuras gerações.
Como exemplo, podemos citar a questão ambiental. Ao olharmos edições mais antigas, verificamos que a questão ambiental e a ecologia não tinham espaço significativo nos livros didáticos. Contudo, com a ascensão das discussões sobre as problemáticas ambientais, observamos que esses temas têm se inserido cada vez mais nos textos presentes no livro. Sendo assim, os cientistas e pesquisadores apresentam fundamental importância na valorização de certos assuntos, fazendo com que o enfoque nos livros didáticos possa ser alterado e que certos discursos sejam privilegiados.
Segundo Braga (2002), o texto do livro didático é um gênero híbrido por ser construído a partir de aspectos do discurso didático, cientifico e cotidiano. Assim, os textos dos livros didáticos articulam diferentes perspectivas sociais, políticas e culturais e não são apenas simplificações do conhecimento científico, produzido nas universidades. Por conter textos que tomam grandes proporções, que são passíveis de várias interpretações e que atingirão diferentes sujeitos, fazendo parte de sua formação, os livros didáticos precisam ser bem selecionados. Ao mesmo tempo, é importante que sejam amplamente distribuídos pelo país, para que todos os alunos possam ter acesso a esse tipo de material.
No Brasil, existe o Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD) que tem como principal objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica. Porém esses livros passam por um processo onde alguns aspectos são avaliados como: a falta de erros conceituais; a coerência teórica-metodológica no conteúdo e nas atividades propostas; e a contribuição para a cidadania, sem expressar preconceito, doutrinação ou publicidade. Após a avaliação das obras, o Ministério da Educação (MEC) publica o Guia de Livros Didáticos com resenhas das coleções consideradas aprovadas. O guia é encaminhado às escolas, que escolhem, entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu projeto político pedagógico.
Pela importância dos livros didáticos existem muitas pesquisas que buscam identificar a presença de erros conceituais nesses materiais. Ademais, é considerado importante que haja pesquisas que tentem compreender também como esses materiais vêm sendo utilizados em sala de aula, como os professores e alunos significam os textos e que discursos estão sendo difundidos nesses livros. Dessa maneira, poderemos compreender de que maneira esses recursos didáticos têm orientado a prática docente e que conhecimentos estão sendo ensinados aos alunos.
Referências bibliográficas:
BRAGA, S.A.M. O texto do livro didático de ciências: um gênero discursivo. 2003. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação. Belo Horizonte: UFMG, 2003
GOMES, M. M.. Currículo de Ciências: estabilidade e mudanças em livros didáticos, Educação e Pesquisa, São Paulo, v.39, n.2, 2013, p.477-492.
GOODSON, I. F.A construção social do currículo. Lisboa: EDUCA, 1997.
Olá, gostaria de saber qual livro ou livros de Limnologia eu deveria comprar. Sou estudante de Lic. Ciências Biológicas e embora não vá trabalhar na área, gostaria de complementar a minha matéria optativa (Limnologia) e ter em mãos para futuras revisões.