A humanidade tenta compreender e principalmente descrever a natureza desde os primórdios da civilização. Linnaeus foi um dos primeiros pensadores a criar um sistema de classificação dos seres vivos em seu trabalho clássico Systema Naturae publicado em 1735. Desde então pesquisadores e biólogos de todo mundo direcionam seus esforços em criar e melhorar os métodos de quantificação e identificação da diversidade biológica.
Bem recentemente o entendimento da diversidade quanto a sua função no ambiente, a diversidade funcional, tem sido uma abordagem que cada vez mais ganha o cenário das pesquisas em ecologia e em outras áreas. Por utilizar atributos ou características diretamente relacionadas ao papel que as espécies desempenham sobre um determinado processo ecológico (ex. decomposição da matéria orgânica) ao invés de caracteres morfológicos amplamente utilizados apenas como ferramenta taxonômica, a diversidade funcional permite estabelecer e compreender relações diretas entre a biodiversidade e a estrutura e funcionamento dos ecossistemas.
Recentemente, em um levantamento cienciométrico, observamos um crescimento considerável do número de artigos publicados que utilizavam a abordagem funcional. A maioria destes trabalhos foi realizada com plantas, visto a facilidade de quantificar atributos funcionais e também pela questão histórica do estudo da diversidade funcional ter surgido com este grupo de organismos.
Considerando o panorama geral de crescimento da diversidade funcional e da impressão pessoal que tive durante o XV Congresso Brasileiro de Limnologia, resolvi quantificar qual seria o crescimento desta abordagem dentro da limnologia brasileira considerando os trabalhos apresentados. Para saciar essa curiosidade, contei quantos trabalhos contendo o termo “funcional ” e variações (funcionais, grupos funcionais, etc.) no título foram apresentados nos congressos de limnologia realizados em 2011, 2013 e 2015. Veja o gráfico com os resultados:
No XIII CBL em 2011, foram apresentados 18 trabalhos e no XIV CBL em 2013 o total de trabalhos apresentados foi de 19. Já em 2015, no XV CBL, esse número aumentou para 29 trabalhos!! Um crescimento de aproximadamente 52%. Considerando o quantitativo total, um aumento de 10 trabalhos não parece muita coisa, mas já mostra uma tendência geral de crescimento do uso da abordagem funcional. Além disso, dos trabalhos que tive a oportunidade de assistir todos apresentavam alta qualidade, tratando sempre de questões ecológicas atuais e extremamente pertinentes. Aliado a isso, a comissão avaliadora premiou em primeiro lugar na categoria apresentação em painel um trabalho sobre diversidade funcional, valorizando e reforçando a ideia que a diversidade funcional é uma abordagem extremamente interesse para se entender os ecossistemas. Mal posso esperar o próximo CBL, a ser realizado no Rio de Janeiro, para conhecer os novos trabalhos com diversidade funcional que irão surgir!
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