LimnoNews
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros
    • Encontro Científico
    • Mudanças Climáticas
    • Relatos de Experiência
    • Ecossistemas
No Result
View All Result
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros
    • Encontro Científico
    • Mudanças Climáticas
    • Relatos de Experiência
    • Ecossistemas
No Result
View All Result
LimnoNews
No Result
View All Result

O habitat que eu não habito

Joseph Ferro por Joseph Ferro
06/09/2024
in Ecologia
0
Limnonews – Limnologia UFRJ
Share on FacebookShare on Whatsapp

Quem nunca ouviu falar do “habitat”? No ensino médio esse conceito surgia nas aulas de ecologia e era prontamente definido como o local onde determinada espécie vive. Isso era muito intuitivo, pelo menos pra mim, o lugar onde um organismo habitava era seu habitat e eu ficava muito satisfeito com isso. Logo após discutíamos sobre outro termo, um pouco mais complexo, que era o nicho de uma espécie. O habitat ficava pra trás como um conceito que não carecia tanta atenção, pelo menos era essa a impressão que ficava em mim.

Eu passei a enxergar o habitat sob outro prisma na graduação. Contudo ele ainda era apresentado como um conceito meio vago. Outra coisa que era debatido era a fundamentação do habitat, ou seja, o habitat só poderia ser considerado habitat, mediante a existência de uma determinada espécie que nele habitava, ou seja, o habitat era apresentado em uma perspectiva de uma via de mão única, onde as espécies tinham uma influencia para a determinação do habitat e o mesmo era um cenário de fundo e estático que estava ali para abrigar os organismos. Sendo assim, um local só é considerado um habitat se houver algum organismo residindo nele, evidenciando a total dependência do hábitat em relação aos organismos.

Conforme lia sobre o tema, novos conceitos foram se agregando ao modo como encarava o assunto. Vi que o habitat não é somente um plano de fundo estático à espera de organismos para colonizá-lo. As estruturas físicas que compõem o habitat terão forte influência na abundância (quantidade de organismos) e riqueza (quantidade de espécies) da comunidade que reside naquele determinado local. Sendo assim, apesar de um local ser apontado como habitat através da presença das espécies, os elementos físicos estruturais do habitat irão ser importantes para determinar a quantidade de organismos e espécies de um determinado habitat.

Os diferentes elementos e a quantidade dos elementos físicos estruturais do habitat passaram a ser mensurados a fim de estabelecer uma relação entre o habitat e a comunidade dos organismos. À medida que estudos avançavam na área diversas terminologias passaram a ser empregadas para se relacionar aos elementos integrantes do habitat. Nomenclaturas como “complexidade”, “heterogeneidade”, “refúgio”, “arquitetura” e etc, mesclam-se atrapalhando a confluência de muitos trabalhos, atrapalhando, de certa forma, o entendimento da relação entre habitat e organismos.

Os elementos físicos do habitat que são capazes de suportar as comunidades passaram a ser denominados de “estrutura do habitat” a qual passou a ser encarada como um espaço tridimensional composto pela heterogeneidade, complexidade e escala (McCOY & BELL, 1991). A heterogeneidade se refere aos diferentes tipos de elementos estruturais do habitat. A complexidade se refere à quantidade de estruturas físicas individuais dos elementos estruturais e a escala se refere à escala da observação onde a complexidade e a heterogeneidade são mensuradas (figura 1).

Figura 1: Esquema do modelo tri-dimensional proposto para a estrutura do habitat, composto pelos pelos eixos da heterogeneidade, complexidade e escala. Adaptado de McCOY & BELL (1991).
Figura 1: Esquema do modelo tri-dimensional proposto para a estrutura do habitat, composto pelos eixos da heterogeneidade, complexidade e escala. Adaptado de McCOY & BELL (1991).

Revisões mais recentes do tema sugerem que a estrutura do habitat é composta não por três, mas por cinco diferentes características: (i) a escala; (ii) a diversidade dos elementos estruturais se referindo às diferenças qualitativas dos elementos que geram a complexidade; (iii) o arranjo dos elementos, ou seja, a maneira como estão ordenados no espaço; (iv) o tamanho dos elementos e (v) a abundância/densidade dos elementos (TOKESHI & ARAKAKI, 2012). Apesar de apresentarem terminologias diferentes para se relacionarem às diferentes características do habitat, os modelos propostos pelos diferentes autores acima citados apresentam certas características em comum (quadro 1).

Quadro 1: Comparação das terminologias apresentadas por McCOY & BELL (1991) e TOKESHI & ARAKAKI (2012) em seus respectivos modelos para a caracterização dos elementos que compõem a estrutura do habitat.
Quadro 1: Comparação das terminologias apresentadas por McCOY & BELL (1991) e TOKESHI & ARAKAKI (2012) em seus respectivos modelos para a caracterização dos elementos que compõem a estrutura do habitat.

Toda essa categorização das estruturas do habitat é uma tentativa de colocar os elementos da paisagem na ótica humana para que o pesquisador possa entender o funcionamento das comunidades. Contudo a grande pergunta é: será que as espécies se apropriam do habitat baseados nas características físicas que nós, seres humanos, julgamos ser importantes para as comunidades? Certamente não. Por isso é importante entendermos as respostas dos organismos mediante as diferenças na estrutura do habitat.

Entender a relação entre habitat e a biodiversidade pode ser muito importante em futuras ações de manejo e conservação, ou seja, os elementos físicos da estrutura do habitat que possuem impacto mais significativo no aumento da biodiversidade podem ser manejados a fim de se obter uma comunidade mais rica. O manejo do habitat pode ser encarado como uma medida auxiliar para a conservação das espécies. Mas para que isso ocorra é necessária a condução de experimento que avaliem o impacto dos elementos físicos do habitat sobre as comunidades.

Sendo assim, o habitat, para mim, passou a ganhar uma conotação totalmente diferente daquela abordada em meu ensino médio ou na graduação. Ele não é apenas o local onde o organismo vive, ou um cenário estático à espera de alguma espécie. O organismo reside em um determinado local porque o habitat apresenta certas condições que possibilitam a sua permanência. Então há um paradoxo interessante entre habitat e organismo. O que é o mais importante? O habitat que proporciona o local e condições de permanência para os organismos? Ou os organismos são mais importantes para determinar se aquele local é um hábitat propício para o mesmo? Talvez não haja uma relação de qual seja mais importante. Talvez habitat e organismos sejam componentes de uma entidade maior. Mas isso eu deixo como debate para os teóricos e filófosos da ecologia.

McCOY E.D., BELL S.S., 1991, “Habitat structure: the evolution and diversification of a complex topic”. In: Habitat structure: the physical arrangement of objects in space. Chapman and Hall, London, pp 3–27.

TOKESHI, M. & ARAKAKI, S., 2012, “Habitat complexity in aquatic systems: fractals and beyond” Hydrobiologia, v. 685, pp. 27–47.

Previous Post

Os Grandes esquecidos do Zooplâncton.

Próximo Post

Iniciação Científica no Ensino Médio

Joseph Ferro

Joseph Ferro

Related Posts

Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Eu e a Limnologia, a Limnologia e eu

abril 17, 2025
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Em Casa. Tudo Limpo e Liberado. Mas do ralo pra baixo…

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

O “comigo não tá” do pique-esconde quando o assunto é lixo

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

ÁGUA: A OBRA-PRIMA DO UNIVERSO.

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Um limnólogo na floresta/A limnologist in the forest

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Pra que serve a sua pesquisa?

setembro 6, 2024
Próximo Post
Limnonews – Limnologia UFRJ

Iniciação Científica no Ensino Médio

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Vistos

O que nos move na ciência e na vida?

O que nos move na ciência e na vida?

março 18, 2025
Limnonews – Limnologia UFRJ

O que é mata ciliar? Qual a sua importância?

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ

Eu e a Limnologia, a Limnologia e eu

abril 17, 2025

Categorias

Outros Posts

Um breve relato a respeito do olhar sobre a participação da UFRJ frente a questões sociais

Um breve relato a respeito do olhar sobre a participação da UFRJ frente a questões sociais

maio 9, 2025
Limnonews – Limnologia UFRJ

Eu e a Limnologia, a Limnologia e eu

abril 17, 2025
Pulando os altos muros da Universidade: a visão de um professor universitário iletrado em comunicação com a sociedade

Pulando os altos muros da Universidade: a visão de um professor universitário iletrado em comunicação com a sociedade

março 24, 2025
O que nos move na ciência e na vida?

O que nos move na ciência e na vida?

março 18, 2025
Uma carta de nossas editoras

Uma carta de nossas editoras

março 18, 2025
O que é o ambiente afinal? Ou melhor, como nós o vivenciamos?

O que é o ambiente afinal? Ou melhor, como nós o vivenciamos?

fevereiro 3, 2025
LimnoNews

A Limnonews, Limnologia UFRJ vinculado ao Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), valoriza a privacidade e a proteção dos dados dos usuários de seu site. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com a coleta e o uso de informações de acordo com esta política.

Últimos Posts

O que nos move na ciência e na vida?

O que nos move na ciência e na vida?

março 18, 2025
Limnonews – Limnologia UFRJ

O que é mata ciliar? Qual a sua importância?

setembro 6, 2024

Categorias

  • Ciência
  • Ecologia
  • Ecossistemas
  • Educação
  • Encontro Científico
  • Limnologia
  • LimnoNews
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Relatos de Experiência
  • Sustentabilidade

Inscreva-se e fique por dentro das novidades

Newsletter
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros

LimnoNews | Limnologia UFRJ

No Result
View All Result
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros
    • Encontro Científico
    • Mudanças Climáticas
    • Relatos de Experiência
    • Ecossistemas

LimnoNews | Limnologia UFRJ

missav';