Como sempre estava bastante duvidosa sobre o que escrever, até que tive um pequeno momento de descontração na hora do almoço: “Pronto! Vou escrever sobre filmes que abordam o tema de meio ambiente e/ou água”. Achei a ideia interessante na hora, visto que esse fim de semana os mundos hollywoodiano e não hollywoodiano voltam os olhos para a realização da 88ª Cerimônia do Oscar (que vai ao ar no domingo, dia 28 de fevereiro). Mas, não me entendam mal, esse não é um apanhado geral sobre a divulgação científica na história do cinema e muito menos uma resenha rebuscada de filmes importantes neste tópico. Pois, me falta o know-how para isso e a audácia. A ideia deste post é mesmo indicar alguns filmes interessantes, porque afinal de contas quem não gosta de ver um filme e comer pipoca compulsivamente até chegar naquele estágio de cansaço de mastigar?
Como uma boa pseudo-cinéfila-ecóloga, comecei a notar uma presença atual e interessante de filmes documentais com uma certa crítica à exploração de recursos ambientais e com um enfoque ecológico, desde o sensacionalista “Uma verdade inconveniente” de 2006. Este filme, que permeia as mudanças climáticas globais com dados alarmantes, foi a ‘princesinha dos olhos da academia do cinema americano’, impulsionado logicamente por uma agenda política do então ex-vice-presidente Al Gore. Um filme interessante que voltou a colocar o meio ambiente no cenário de blockbusters.
Saindo um pouco de enfoque mudanças globais, mas não inteiramente, outros filmes cativaram a imprensa internacional a ponto de impulsionar e garantir inúmeras premiações: “Marcha dos Pinguins”(2004), “The Cove”(2009) e “Black Fish”(2013) impressionaram o público. O primeiro choca pela beleza das imagens e lindas interações de amor e companheirismo dos pinguins, enquanto os dois últimos chocam pelos maus tratos explícitos a que são submetidos golfinhos e baleias orcas. Para os dois últimos sugiro, e muito, um estômago preparado e muitos lenços de papel… Muitos. E fugindo do enfoque das aves e mamíferos marinhos temos um filme brasileiro extramente premiado que é igualmente social quanto ambiental, “Lixo Extraordinário”(2010) deve ser apreciado sem doses homeopáticas e também com um bom estômago para os absurdos mostrado na tela.
Vamos sair um pouquinho do mainstream e falar um pouco do que não chega para o grande público e não é apreciado intensamente pela mídia. E falar nisso é, também falar de filmes sobre a água, infelizmente. Internacionais ou nacionais, ficcionais ou documentais, que eu indico para mostrar a problemática do uso da água e gestão de recursos hídricos. Alguns ficcionais e romantizados são mornamente cativantes, como “Amor impossível” (2012) – em que o Ewan MacGregor (uau!) procura um jeitinho de colocar água no meio do deserto do Yemen – e o “Despertar de uma paixão”(2006) que tem o Edward Norton (duplo uau!) tentando, entre idas e vindas do amor, ajudar a monitorar corpos hídricos durante um surto de cólera na China em 1920.
Agora, falando de sustentabilidade e água é mais do que imprescindível assistir o filme “Sonhos” (1990) de Akira Kurosawa. Deste, eu prefiro guardar os spoilers e as rápidas e superficiais sinopses, pois não cabe na totalidade da crítica psicológica ao ser humano, feita pelo cineasta. Indo mais a fundo, alguns documentários são interessantíssimos e retratam muito bem o uso da água atualmente. Os longas “Mundo azul: as guerras mundiais pela água” (2008) e “Marcas da água” (2013) mostram em imagens em HD um pouco do tudo que você precisa saber. Mas, sobre escassez e relações sócio econômicas no Brasil, não se esqueça de assistir o magnífico e real “Vidas secas”(1963), baseado no homônimo de Graciliano Ramos. Além disso,“Mad Max: Além da cúpula do Trovão” (1985), e os demais filmes da franquia são entretenimento garantido em um cenário futurista e apocalíptico.
Para as últimas dicas e exaltações, eu não esqueci de falar daqueles filmes que debatem, não só o monitoramento, uso e a gestão de recursos hídricos, como também a legislação vigente sobre estes: “A Lei das águas: Novo código florestal” (2014) e o curta “Entre a cheia e o vazio”(2014) são um prato cheio para entender estas leis e discuti-las, deixando ainda o espectador limnólogo e não-limnólogo com vontade de quero mais #ficaadica.
Então, corre para o Netflix e para YouTube, dá um play em um destes alguns que eu falei (os trailers são cortesias). Vai valer a pena!