Na próxima quinta-feira (09 de junho), o grupo de pesquisa em educação ambiental e ensino de ciências (GPEAEC) do laboratório de limnologia, coordenado pela professora Drª Laísa Freire, iniciará o curso de formação continuada “Mudanças Climáticas na pesquisa em ecologia e no ensino de ciências”. O curso tem a proposta de trazer o tema das mudanças climáticas a partir de diferentes olhares da pesquisa e do ensino. Por ser um tema que a ciência não tem uma única resposta, a questão se torna um tema controverso de difícil enfrentamento. Contudo, ainda assim, processos educativos são requeridos para uma abordagem de forma crítica, reflexiva, argumentativa, buscando a formação de cidadãos comprometidos com a sustentabilidade e aptos para as tomadas de decisões individuais e coletivas.
O público alvo são professores de ciências da rede municipal de ensino de Macaé. Durante o curso teremos a colaboração dos pesquisadores Aliny Pires e Nicholas Marino, alunos de mestrado Raquel Benac, Bianca Miceli, Mariana Brück e de doutorado Joseph Ferro, coordenados pela professora Drª Laísa Freire. Deste modo, o curso pretende gerar um encontro entre pesquisadores e professores em uma relação dialógica para a compreensão, aprofundamento do tema e estabelecimento de relações entre pesquisa e ensino.
O curso de formação continuada faz parte de um projeto maior do laboratório de limnologia, “Questões socioambientais na sociedade contemporânea: implicações e significados na formação docente em ciências”, no qual tem como objetivo contribuir para o avanço no conhecimento da área de pesquisa em ensino de ciências através da discussão de questões socioambientais.
Este curso também esta vinculado ao Projeto Universidade – Escola – Cursos de Capacitação, Aperfeiçoamento e Atualização para os Professores da Rede Municipal e Estadual de Macaé e Região, que consiste em uma parceria entre a Extensão do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio – Ambiental de Macaé da UFRJ (NUPEM/UFRJ) com a Secretaria de Educação de Macaé e oferece certificação de carga horária de atualização para professores.
A divulgação do curso para os professores da Rede Pública de Ensino de Macaé ocorreu de diferentes formas: através da mídia institucional do NUPEM/UFRJ; da mídia institucional dos cursos de formação continuada da Secretaria de Educação de Macaé; por meio de correio eletrônico direto com professores e direção de escolas de Macaé e mediante contato pessoal com diretores e professores pelas pesquisadoras do grupo de pesquisa.
Mesmo com ampla divulgação, enfrentamos certa dificuldade de adesão dos professores ao curso, pela questão da disponibilidade de tempo e horário destes professores. Por este motivo, tivemos que adiar o início do curso até atingirmos um número significativo de professores e hoje temos nove inscritos para um total de dez vagas oferecidas.
O curso será realizado no Parque Natural Municipal Fazenda Atalaia, o qual está localizado a 27 quilômetros do centro de Macaé e é uma área de conservação ambiental, sendo uma das poucas reservas de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. A escolha por este local foi pelo fato de ser um ambiente neutro, diferente da vivência destes professores na escola e dos pesquisadores na Universidade.
O curso será desenvolvido em cinco encontros de quatro horas por meio de atividades teóricas e práticas de modo a estabelecer trocas entre docentes e dos mesmos com os pesquisadores. Estas atividades têm como objetivos discutir os desafios da questão ambiental e das causa-consequências das Mudanças Climáticas; discutir sobre as controvérsias sociocientíficas no tema Mudanças Climáticas e apresentar as relações entre educação ambiental e ensino de ciências; discutir sobre as Mudanças Climáticas no contexto escolar e ao final elaborar de forma conjunta uma sequência didática para tratamento didático do tema Mudanças Climáticas.
A partir do curso serão desenvolvidas pesquisas de dissertação, entre elas a minha, na qual pretendemos compreender como professores de ciências, em formação continuada, representam um tema atual como as mudanças climáticas que abrange controvérsias sobre assuntos sociais que estão relacionados com conhecimentos científicos da atualidade e que, em termos gerais, são abordados nos meios de comunicação. Ao passo que estudos anteriores, como o de Reis (2004) e Martínez (2010) nos mostram a dificuldade encarada por professores para tratar de controvérsias sociocientíficas na sala de aula, a partir de vários fatores como a própria concepção dos professores sobre a ciência, a cidadania, a educação em ciências e a relevância educativa para o tratamento destas controvérsias, além do próprio conhecimento didático dos professores relativos à gestão e avaliação de atividades para discussão em sala de aula.
Desejamos ainda entender como a educação ambiental pode ser significada para o tratamento desta temática em sala de aula, uma vez que percebemos através de uma revisão bibliográfica realizada por (Gonçalves et al, 2015) que a educação ambiental era entendida como um processo para geração de comportamentos ambientalmente sustentáveis; para desenvolvimento de conhecimentos, ideias, atitudes e comportamentos; ou para mobilização sob um enfoque político e social.
Referências:
GONÇALVES, M.B., BENAC, R. dos S. M., FREIRE, L.M. A contribuição da Educação Ambiental para a discussão das Mudanças Climáticas: um estado da arte das pesquisas em Ciências Ambientais e em Educação em Ciências. Encontro Nacional em Pesquisa em Educação em Ciências X ENPEC, 2015.
MARTÍNEZ PÉREZ, L.F. A abordagem de questões sociocientíficas na formação continuada de professores de ciências: contribuições e dificuldades. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências da Universidade Estadual de São Paulo/campus de Bauru, 2010.
REIS, P. Controvérsias sócio-científicas: discutir ou não discutir? Percursos de aprendizagem na disciplina de ciências da Terra e da vida. (Tese de Doutorado) Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2004.
Amanhã será o grande dia!