Todos nós sabemos da imensa importância que as plantas têm para a nossa sobrevivência. Elas constituem as florestas, proporcionam condições para o estabelecimento de outras espécies vivas e são nossa principal fonte de alimentos, medicamentos e inclusive respiramos por conta delas. Eu poderia ficar três dias listando o quanto as plantas são importantes para a nossa vida, mas muito além disso, as plantas também são parte da nossa história e cultura. Porém, atualmente, devido a intensa e acelerada urbanização ocorrente nos últimos anos, nós cada vez mais estamos perdendo o contato com as plantas, e assim apagando uma parte muito importante da história do nosso desenvolvimento.
Poucas pessoas sabem, mas existe uma ciência que estuda justamente esta questão de como a humanidade se relaciona com as plantas, cujo termo é etnobotânica. Segundo, Heinrich et al. (2004) a etnobotânica é a ciência que estuda a relação entre humanos e plantas em toda sua complexidade, e é baseada geralmente na observação detalhada e estudo do uso que uma sociedade faz das plantas, incluindo as crenças e práticas culturais associadas com este uso.
Atualmente não vemos mais as plantas com os olhos do passado e sim com os olhos do futuro. Mas que futuro é este? Um futuro dominado por um presente chamado indústria. Devido a intensa urbanização e modificação da cultura, fortemente influenciada pela expansão da indústria, as plantas passaram a ser vistas pela grande maioria da população como produtos e não mais como seres vivos. O nosso olhar sobre as plantas atualmente é limitado, principalmente nos grandes centros urbanos. Elas são vistas como princípios ativos para a produção de medicamentos pela indústria farmacológica e cosmética, e fontes lucrativas para a indústria alimentícia. Exemplos disso são que é cada vez mais comum conhecermos o efeito do princípio ativo de uma planta, e não reconhecermos a mesma. Vemos os vegetais picados cheios de agrotóxicos em embalagens bonitas no supermercado, mas não relacionamos à uma planta. E isso cada vez mais tem causado a perda cultural em cima das mesmas, além de danos biológicos sobre a sua diversidade, que além do mais, é um tema bastante interessante para discutirmos posteriormente.
Mas voltando ao foco do post de hoje, historicamente, devido à grande influência da religião, nós ocidentais nunca tivemos um vínculo muito aprofundado com a natureza como outras culturas. Mas é inegável que apesar disso, nossa relação com as plantas já foi mais próxima do que é atualmente. Hoje em dia, perante a grande parte da sociedade as plantas são invisíveis ou objetivadas. Perderam o cheiro e o sabor e foram colocadas em comprimidos, ou passaram a ser vendidas em embalagens caras nos supermercados. Enquanto no passado, nossos avós cultivavam hortas e plantas medicinais para curar as dores do corpo.
A verdade é que as plantas não perderam a importância. Elas ainda são a base fundamental para a nossa sobrevivência, porém, cada vez mais, o sistema capitalista investe em meios de torná-las produtos e nós aceitamos e alimentamos isso cada vez mais. Está é a grande diferença entre a nossa relação com as plantas hoje e a relação que tivemos em tempos atrás. Enfim, posso estar pensando demais, mas quem é que sabe onde é que isso vai nos levar?
Autora: Amanda Batista Vitório
Amanda,
gostei do seu post, principalmente ao fazer a relação entre a importância das plantas para nosso vida e a ação capitalista sobre tal recurso vital.
Parabéns.