Comecei licenciatura em biologia, mas nunca soube de verdade o que queria. Sempre gostei de muitas coisas, onde na adolescência, costumei confundir e mesclar hobbies como uma possibilidade de carreira, e não sabia exatamente como definir isso, ou ao menos, separar. Na verdade, se cheguei até aqui agora, foi em parte escolhas que fiz para não me manter estagnada, enquanto fazia a investigação constante sobre minhas paixões e como isso poderia me levar a realizar um trabalho que me desse satisfação pessoal, que me fizesse sentir orgulho de mim mesma, ao comparar e lembrar de meus pensamentos e meus sonhos quando criança. Sempre penso no meu próximo passo com a seguinte pergunta: meu eu, quando criança, se orgulharia disso?
E sempre quando me comparo com as expectativas sobre a minha vida adulta que tive quando criança, eu me orgulho de cada pequena mudança que pude realizar dentro de mim. Realizações aquém do plano material, e sim enquanto ao longo do meu caminho, pude me tornar mais independente, o quanto aprendi, o quanto me superei, sempre buscando a superação de meus limites, de meus medos, de minhas fraquezas.
Experimentei caminhos durante minha graduação que me fizeram ter a convicção de que eu estava no caminho errado. Conciliar as expectativas, os sonhos, com possibilidades realistas, foi sempre um fator muito importante na escolha de qual caminho seguir. E ao longo do tempo, meus sonhos e expectativas foram se adaptando aos meus limites pessoais, até onde eu poderia ir, o que eu seria capaz de realizar, e ser capaz de achar o ponto de partida para começar o meu caminho verdadeiro, do meu jeito, colocando em primeiro lugar minhas paixões e minhas convicções.
Foi um caminho demorado, poderia dizer até turbulento, mas necessário para minha aprendizagem. E eu viajei longe, para achar meu caminho bem aqui, na minha própria cidade, onde eu nasci, onde eu cresci, e vivi durante toda a minha vida. O meu caminho a ser seguido nunca esteve tão claro: ir em busca de minhas origens foi minha maior descoberta.
E então, conheci Paulo Freire, conheci Rubem Alves, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Maria Montessori, Piaget, Durkheim, Vygotsky…
Me apaixonando pela educação, acabei unindo esta a mais fundamental das minhas paixões: a natureza. Minhas maiores paixões na vida se tornaram, de repente, inevitavelmente, e até, nem surpreendentemente, a educação e a natureza. A educação, a filosofia da educação e a natureza, me conquistaram de uma forma avassaladora. De repente, e não tão de repente, elas eram ao mesmo tempo minhas paixões, e as minhas convicções de vida.
Para alguém que cresceu em um ambiente com muitas injustiças ambientais, com as árvores da rua sendo cortadas, com enchentes, com muito calor, com valões tidos como coisas inevitáveis e normais, com falta de água, a falta da qualidade de vida dos munícipes de minha cidade, descobrindo a baixa qualidade de vida da maior parte da população do Rio de Janeiro, me comoveu a ponto de isso ser a única coisa que eu tinha em mente: ir em defesa dessas pessoas e da natureza local, porque eu tinha empatia por ter a mesma realidade.
E ao longo do tempo, essa empatia foi crescendo ao entender que há realidades distintas e até mais precárias em minha própria cidade, ao entender que há mais desigualdade do que eu poderia imaginar, e ao entender que a educação é a única porta a que podemos buscar abrir para ter a liberdade para lutar por uma vida mais digna.
E é exatamente essa injustiça ambiental que me fazem ir à busca da justiça. E essa busca é árdua, porque começa na superação de meus próprios limites, como futura educadora, como articuladora, dentro da minha interação social com minha comunidade, dentro do meu contexto acadêmico, e nos mais diversos e possíveis grupos com os quais tenho
convivência, que cada dia me fazem ter a certeza de que o primeiro passo é ir em busca da nossa própria qualidade de vida, de saúde mental, de equilíbrio. O ponto essencial é a busca eterna do equilíbrio. É só tendo o equilíbrio, paixão e muita resiliência que acredito então sermos capazes de atuar em todas essas esferas sociais, ao procurar soluções práticas para nossos desafios do dia a dia.
E além desses requisitos mínimos para essa busca por justiça, é a base fundamental, a eterna aprendizagem. A leitura, o estudo, a compreensão da realidade do outro, a não imposição mas a defesa por ouvir mais, por
mais empatia, alcançando mais acordos do que disputas, numa sociedade já baseada em muita competição, é o que me motiva, e o que faz acreditar que a Educação Ambiental é o meu caminho, cheio de erros e acertos, de muitas tentativas, de muitas superações, mas sempre tentando achar a melhor forma de melhorar a minha realidade e a realidade do próximo, ao sempre procurarmos, nas nossas interações, as soluções políticas, ambientais mais justas para o bem viver de todos.