O Laboratório de Limnologia, em parceira com o Projeto Fundão, está promovendo atividades e oficinas em feiras de ciências em colégios do Rio de Janeiro. O primeiro colégio que visitamos foi o Ginásio Experimental Olímpico Féliz Mieli Venerando – Unidade Caju, administrado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Essa escola está localizada em uma comunidade recém-pacificada. A equipe da escola faz a diferença na vida dos alunos através do esporte. A instituição fica em anexo à Vila Olímpica Manoel Francisco dos Santos – Mané Garrincha e possui um centro esportivo com ginásio multiuso, teatro, pista de atletismo, quadra e campo de futebol. Assim, ela é uma escola capaz de prover em tempo integral e todos os professores tem dedicação exclusiva.
Feira de Ciências
A feira de ciências é um meio importante de divulgação científica. Além de estimular os alunos para a área científica, faz com que as crianças tenham a percepção que essas atividades e conteúdos estão próximos de suas realidades, acarretando em um processo de ensino e aprendizagem mais participativo, dando um novo significado ao aprendizado dentro de sala de aula.
Minha experiência no projeto de extensão
Fiquei responsável pela coordenação das atividades a serem levadas para a feira de ciências na escola que foram definidas a partir de uma reunião com membros do laboratório. Escolhemos 3 atividades voltadas para o tema água para serem desenvolvidas: 1- A atividade da molécula da água, que consiste na montagem da estrutura da molécula da água com jujubas. 2- Atividade da caixa: o valor real das coisas, onde discutimos a quantidade de água gasta na produção, no consumo e no descarte de materiais (celular, garrafa pet, “geleca”, algodão, café, tecido) e conceitos como, água virtual e pegada hídrica. 3- Atividades da Bacia Hidrográfica. Nessa atividade estimulamos os alunos a visualizarem e compreenderem os componentes de uma bacia hidrográfica através de um desenho esquemático de uma folha de árvore onde suas nervuras irão representar alguns desse componente principais (foz, nascente, afluente).
Também planejamos uma oficina com duração de uma hora para ser trabalhada com os alunos. A dividimos em duas etapas: Na primeira etapa apresentamos o jogo da Lagoinha, que é uma atividade antiga do Laboratório de Limnologia. Ele possui o objetivo de discutir impactos antrópicos na lagoa a partir da estrutura e dinâmica deste ecossistema. Na segunda etapa era a observação no microscópio, onde os visitantes observavam microrganismos presentes nos microscópios e lupas, como: copépodes; cladóceros; odonatas; quironomídeos e fitoplâncton. Durante a observação os monitores da atividade discutiam características e curiosidades sobre tais organismos (cadeia trófica, relação desses organismos, morfologia e taxonomia).
No dia da realização da feira, a escola tinha os grupos de alunos definidos que iam participar das atividades. Dessa forma, nem todos os alunos do colégio conseguiram ver nossas atividades e, como as atividades e as oficinas ficaram em lugares separados, os alunos que foram em uma não conseguiram ir à outra.
Sendo assim, as 3 atividades (molécula da água, caixa e bacia hidrográfica) ficaram em uma sala compartilhando o mesmo espaço. Para não ficar tumultuado, dividimos a sala em 3 partes. Com cada turma que entrava, fazíamos uma apresentação do nosso grupo e depois dividíamos os alunos para cada atividade. As atividades duravam em torno de 15 minutos cada, quando uma terminava trocávamos o grupo de alunos. Dessa forma, todos passaram por todas as atividades.
Na sala de atividades, o estudante de Doutorado da Universidad Pedagógica Nacional de Bogotá na Colômbia – Over Rozo – também fez uma ação com os alunos. Era uma atividade de reflexão, nosso lugar “Mandala”. Consistia em entender a relação dos indivíduos com o ambiente e nosso lugar e papel dentro dele.
Já na sala das oficinas, a primeira parte a ser feita era o jogo da lagoinha e depois de meia hora, aproximadamente, dependia de como era o envolvimento da turma, trocava para a atividade de observação no microscópio.
No meu primeiro dia de feira fiquei responsável pela atividade da molécula da água com jujubas. Trabalhei a identificação dos elementos químicos que compõem a água (oxigênio e hidrogênio) e outros aspectos da identidade físico-química da água. Além disso, também falei sobre o desperdício, consumo e poluição da mesma. Os alunos adoraram essa atividade, pois sempre esperavam para comer as jujubas no final. Antes de comerem, eu fazia uma brincadeira com eles. Disse que só comeriam jujubas aqueles que me falassem que elementos da água estavam comendo.
No final de todas as atividades, pedimos aos alunos para escreverem no papel qual foi a atividade que eles mais gostaram. Eles colavam suas respostas no nosso cartaz e iam para as outras atividades do colégio.
Essa também foi primeira feira de ciências do Ginásio Experimental Olímpico Féliz Mieli Venerando – Unidade Caju. A escola foi bem receptiva com todos, foi um dia produtivo e contagiante. A alegria dos alunos participando das nossas atividades é a resposta de todo nosso trabalho e esforço. Atividades como essas podem mudar o panorama do dia a dia das crianças e contribuir para articulação dos conteúdos apresentados com o currículo escolar.
Equipe da Feira de Ciências no dia 11 de outubro

Créditos das fotos: Arquivos do Laboratório de Limnologia/UFRJ.