Eu ia falar de Arquimedes, e planejei um post bem “para cima”, com dicas de como se inspirar e dar um novo olhar para os dados da sua pesquisa engavetada – para algumas dessas dicas é só dar uma aqui. Não posso, no entanto, deixar de falar sobre o momento que a Universidade Federal do Rio de Janeiro vive (em especial os campi localizados na cidade do Rio de Janeiro, apesar de talvez não podermos esquecer do campus Macaé, que sofre de alguns problemas similares, e até outros campus também).
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro – é a Universidade mais antiga do Brasil e um dos centros de excelência do ensino e pesquisa na América Latina e no mundo, sendo detentora do reconhecimento mundial de alguns Rankings reconhecidos, como o QS World University Rankings e do Ranking da Folha de São Paulo, entre outros. A UFRJ possui atividade ininterrupta desde 1792, quando ainda fazia parte do complexo da Universidade do Brasil. Oficialmente individualizada e fundada por Epitácio Pessoa em 1920, a universidade, infelizmente, é hoje palco de algumas histórias aterrorizantes de violência.
Se observarmos a ocupação sócio-economômica da cidade do Rio de Janeiro e observamos também a localização dos campi da UFRJ podemos entender como é representativa a presença da Universidade no dia- a- dia dos cariocas. Então, é fácil fazermos a livre associação que a UFRJ vive o que o Rio de Janeiro vive, respira o que o rio de janeiro respira e é o que o rio de janeiro é: “purgatório da beleza e do caos”.
O Rio de Janeiro vive hoje, mais que nunca, em um momento de guerra, que remonta à histórias cinematográficas que mostram um futuro distópico, onde crianças são atingidas por balas perdidas diariamente, creches são fechadas e arrastões são banais. Consequentemente, a sua Universidade é atingida também neste presente maquiavélico e, depois de alguns, e mais alguns, e outros mais, casos de violência contra servidores e alunos, confirmamos como é difícil ensinar e pesquisar (…e sobreviver) em “uma universidade pública de qualidade” no Brasil.
É neste cenário que chegou a nossos ouvidos mais dois (dos inúmeros) casos de sequestro dentro do Campus do Fundão só nesta última semana. Um deles foi noticiado aqui e o outro aqui, ambos ao lado do CCS (Centro de Ciências da Saúde), de onde escrevo este texto. Não me atentarei em narrar o que a mídia e redes sociais já nos mostraram: o descaso com universidade do brasil – e a pesquisa, ensino e extensão dentro dela realizados – deixou de ser apenas político e econômico e tomou corpo e voz, de vítima acuada frente aos seus usurpadores.Diante desta realidade, por vezes banalizada, por outras vezes velada, calada e silenciada continuamos na luta diária, reivindicando ações que são por hora atendidas ou prometidas. (Hoje a reitoria anunciou medidas para aumentar a segurança no Fundão).
Por fim, esse texto é apenas para situar em que momento o Laboratório de Limnologia e todos os demais laboratórios, departamentos, institutos e centros permacem presentes e operantes. Fazendo, com pouco estímulo – mas ainda com aquele ávido e continuo desejo de desenvolver e transmitir o conhecimento -, a universidade caminhar, sem cantar, mas seguindo aquela canção.
(Texto em inglês informado pela autora)
The University and the violence
I was going to talk about Archimedes, and I even planned for this post to be ‘”upbeat” and with helpful tips on how to get inspired and give a brand new look to the data of your shelved research – for these tips just have a quick look in here.
I can not, however, not mention the moment that the Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – is currently living (especially the campuses located in the city of Rio de Janeiro, although we shouldn’t forget about the Macaé campus, which suffers with some similar problems ).
UFRJ is the oldest university in Brazil and one of the centers of excellence in teaching and research in Latin America and in the world. This university has worldwide recognition of QS World University Rankings and Ranking of Folha de São Paulo, among others. History wise, the university has uninterrupted activity since 1792, when it was still part of the University of Brazil complex. Officially individualized and founded by Epitacio Pessoa in 1920 the university, unfortunately, is today the center of attention and place of some terrifying stories about violence.
If we look at the social and economic occupation of the city of Rio de Janeiro and observe the location of UFRJ’s campuses, we can understand how representative the presence of the university is in Rio de Janeiro’s day-to-day life. So it is easy to make the free association that UFRJ lives what Rio de Janeiro lives, breathes what Rio de Janeiro breathes and is what Rio de Janeiro is: the “purgatory of beauty and chaos.”
Thus, Rio de Janeiro lives today, more than ever, in a moment of war, which goes back to cinematic stories that depict a dystopic future, where babies are hit by bullets daily, day care centres are closed and trawlers (‘arrastões’) are ordinary. Consequently, his university is also affected in this Machiavellian present and, after some, and some others, and others, cases of violence against employees and students, we confirm how difficult it is to teach and research (and survive) in the “quality public university”.
It is in this scenario, it has come to our ears two more (of the countless) cases of kidnapping within the Fundão Campus this past week alone. One of them was reported here and the other here, both alongside the CCS (Health Sciences Center), where I write this text from. I will not attempt to narrate what the media and social networks have already shown us: the disregard of the University of Brazil – and the research, teaching and extension within – ceased to be only political and economic and is impersonated ( body and voice) as a quiet victim standing in front of its usurpers.
Faced with this reality, sometimes trivialized, sometimes veiled, silent and silenced, we continue in the daily struggle, demanding actions that are at times fulfilled or promised in short an long terms commitments. (Today the Reitoria has announced measures to increase security in Fundão).
Finally, this text is only to place at what moment the Laboratory of Limnology and all other laboratories, departments, institutes, and research centers, remain present and operative. Making, though with little encouragement – but still with that avid and continuous desire to develop and transmit knowledge -, the university walk, without singing, but following that old sad tune.
Clarice, seu texto é mais uma de belas surpresas nas postagens da Limno. Pela construção, mas também pela forma de junção de conteúdos diversos, por transgredir barreiras. É necessário cultivar esta percepção do nosso entorno, e produzir a narrativa, como você fez. Narrativas são mais citadas, kkk.
Com certeza narrativas são as mais citadas 🙂
Obrigada pela leitura.