Nesta última quinta-feira, dia 2 de agosto, ocorreu no Museu do Amanhã, localizado no Rio de Janeiro, o evento Amazônia em foco: A floresta de hoje e do amanhã, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas espaciais (INPE). Tanto o Museu quanto o evento nos promovem discussões sobre o curso do tempo: as descobertas científicas feitas no passado e os desafios que o futuro traz pra sociedade. O evento em questão, dentro desse contexto, trouxe experiências e novos pensamentos sobre o que de fato ocorre na Amazônia. Aproximou os cientistas e a sociedade, permitindo uma tarde de conversas e troca de experiências sobre esse bioma. Além de ter sido gratuito, teve como questão central discutir o efeito do tempo na Floresta Amazônia e principalmente dividir nossas esperanças sobre ela. Mas e nós, enquanto cidadãos, o que esperamos do amanhã? Aprendemos tudo o que podíamos com o passado? Sabemos de fato nossa relação com a Amazônia?
Figura 1: Imagem de Divulgação do evento Amazônia em foco: a floresta de hoje e do amanhã, realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
A região amazônica é muito importante para o futuro do planeta, estando no centro de várias discussões sobre mudanças climáticas, uso da terra e a cultura de comunidades tradicionais e tribos indígenas. Tamanho interesse torna necessária uma participação ativa da sociedade nesse bioma, conhecendo as pesquisas desenvolvidas lá e os embates existentes. Assim, os estudos científicos, além de trazer novos conhecimentos e dados sobre a floresta, permitem que entendamos melhor as interações dela com a atmosfera, o ciclo da água, o sequestro de carbono e a manutenção da temperatura, e principalmente, a importância desse bioma para o planeta.
Logo na abertura do evento, foi apresentado o documentário Amazônia Climática. Entretidos pela beleza da floresta, o primeiro pensamento que me surgiu na cabeça foi a vontade de estar lá. Foi muito natural para mim, e acredito que para a grande maioria dos presentes, me sentir parte daquela floresta, mesmo que nunca tenha ido pessoalmente lá. As imagens belíssimas e as pessoas que participaram do filme, desde pesquisadores a moradores locais, só ajudaram nessa sensação de pertencimento. Com o filme, foi possível ver sua grandiosidade e sua importância para o mundo.
Umas das experiências mais gratificantes foi o vídeo em 3D exibido através de óculos de realidade virtual, Chamado de “Amazônia imersiva”, nos permitiu justamente essa sensação de pertencimento àquele universo. Ficamos inseridos por alguns minutos no cotidiano dos moradores locais, andamos pela floresta, brincamos com as crianças de comunidades tradicionais, passeamos de barco pelos rios e ficamos perto da flora e da fauna diversa. Houve também uma exposição de várias imagens da região amazônica, que engrandeceram as experiências permitidas pelos filmes exibidos.
A primeira mesa redonda, formada por Alberto Quesada (INPA), Cláudio Almeida (INPE), Eliane Moreira (MPF, UFPA), Ana Albernaz (MPEG) e do jornalista Washington Novaes, nos apresentou uma discussão sobre o presente da Floresta. As principais questões foram sobre o uso da floresta pelo homem. Graves problemas, que a floresta enfrenta há tempos, como o desmatamento, a grilagem de terra, os avanços agropecuários e os impactos dos extremos climáticos, que estão cada vez mais frequentes em toda a região, tem modificado diversos sistemas e interações. Foi levantada principalmente a questão sobre a legislação ambiental que ampara – ou deveria amparar- tanto a natureza quanto os moradores locais, incluindo as tribos indígenas e as comunidades tradicionais.
A última mesa redonda contou com a participação de Carlos Nobre (ABC), Paulo Moutinho (IPAM), Francisco Pyanco (liderança indígena), uma representante do Fundo Amazônia e da jornalista Sonia Bridi. Nesta mesa discutiu-se mais sobre o futuro da Amazônia. Como pensado pelo evento, esse futuro depende do “nosso presente”, principalmente, da forma como enxergamos o meio ambiente e como nos relacionamos com ele. Questões socioculturais e importância da coletividade para a conservação da Amazônia se mostraram como uma ferramenta central para melhorar o cenário futuro da floresta. Particularmente, ouvir dos líderes indígenas o que significa viver naquela floresta e, mais do que isso, viver pela floresta, deu mais importância ao dilema que eles enfrentam em relação a legalidade de suas terras.
Por fim, ficou evidente a beleza desse bioma, sua grandiosidade e importância. No entanto, há muito por trás disso. Mortes de líderes de movimentos socioambientais, questões sobre o licenciamento e o uso da terra tem que ser levadas em consideração quando se trata do futuro da Floresta Amazônia. Afinal, o que prevalece é a “Lei da Natureza”, há limites para a exploração de um ambiente, há formas de utilizar seus diversos recursos sem esgotá-lo e isso, muito tem a ver com a voz que é dada para as comunidades locais e para as pesquisas desenvolvidas nesse bioma. Um evento como esse, portanto, é de grande importância para a sociedade e nos convida a refletir sobre o que nós podemos fazer para ajudar na conservação da maior floresta tropical do mundo.
Figura 2: Equipe do Laboratório de Limnologia da UFRJ presente no evento Amazônia em foco: A floresta de hoje e do amanhã.
Quer saber mais:
https://museudoamanha.org.br/pt-br/amazonia-em-foco-a-floresta-de-hoje-e-do-amanha