Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, conhecida por seus monumentos e marcos, bastando perguntar sobre ela para lembrar das belíssimas praias de Ipanema, do Leblon e do Arpoador, das belezas guardadas na Floresta da Tijuca, no Jardim Botânico e no PARNASO, da agitação da Lapa, do samba, do Cine Odeon, da Praça XV, Marielle Vive! Opa, temos também memórias de resistência em um lugar chamado Baía de Sepetiba, que pode não estar na memória de muitos, mas também é uma região de luta e resistência da nossa cidade. Então, vamos lá?
Imagem 1 – Área industrial da Baía de Sepetiba
A Baía de Sepetiba como podemos observar no mapa, abrange vasta área industrial e bairros bem próximos das mesmas. Um exemplo é Sepetiba, localizado na Zona Oeste, região marcada pelo descaso quanto à política públicas, possuindo 56.575 habitantes (IBGE/2017), sendo importante para todo o equilíbrio ecológico da região, abrigando muitas espécies de animais e sendo fonte de sustento para população local. Entretanto, como vivemos numa sociedade de consumo, na qual cada vez é mais comum países desenvolvidos veem o Brasil como uma oportunidade de implantar suas indústrias muitas vezes infringindo leis regulamentadoras voltadas ao meio ambiente e social, causando desastres.
Um exemplo de empresa é a a ThyssenKrupp, Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), empresa de produção de aço, e uma das lutas mais emblemáticas de enfrentamento do modelo desenvolvimentistaQue desde a sua implantação tem causados muitos descasos como contaminação das águas por metais pesados, a morte de diversos animais marinhos, além de impactos socioambientais como a “chuva de prata”, a impossibilidade da pesca artesanal, a exposição à doenças – confirmadas por pesquisas realizadas por pesquisadores da FIOCRUZ e da UERJ – e as perdas culturais e de pertencimento dos moradores ao local, graças as identidade dos moradores pelo local mudanças física na região com a chegada da indústria.
Além da TKCSA causar esses danos , algumas mudanças físicas da Baía de Sepetiba começaram em 1962, com a instalação da Companhia Mercantil Industrial Ingá, que despejava os lixos tóxicos na baía, mesmo após sua falência em 1998, de modo que os metais se espalharam por toda a baía, sendo necessária uma dragagem de toda a área para tentar reverter a situação, o que seria extremamente caro e traria consequências negativas ambientalmente.
Imagen 2 – Ingá Marcantil – Uma Baía de poluição
Com todos esses acontecimentos, a região entorno de Sepetiba tem sido chamada de “zona de sacrifício”, um termo utilizado pelos movimentos de justiça ambientalpara locais com concentração de instalações que causam graves danos e riscos ambientais, podendo ser aplicada a áreas de moradia de populações de baixa renda, Mesmo que historicamente a baía de Sepetiba tenha sido a base econômica de diversas comunidades residentes, graças ao pescado usado para subsistência , o intenso desenvolvimento industrial da região resultou na sua poluição, que prejudicou essa base econômica pesqueira e inibiu o turismo. Em contrapartida, a chegada e falência de indústrias na região contribuiu para a precarização das relações de trabalho e para a redução das oportunidades de emprego e renda, aumentando os índices de violência e desemprego, dentre outras questões sociais.
Dentro de tantas problemáticas que empresas vem causando a região da Baía de Sepetiba, muitas lutas também vem sendo travadas desde o início da instalação das empresa que podemos acompanhar através de uma linha do tempo, no site http://paretkcsa.org/ , além de todas as atualizações políticas, movimentos sociais, reportagens e vídeos.
Ficaremos por aqui, esperamos que tenha conhecido um pouquinho da região que abrange a Baía de Sepetiba, e se não fomos muito claras, indicamos fortemente que assista esse curto vídeo de 15 min, que surpreendentemente contém relatos de pessoas que de fato podem falar sobre a região que moram, com mais propriedade do que alguns de nós.
Assista – Trelica MASTER colorido
Motivação para essa pesquisa:
Eu, Mariana, aluna de Iniciação Científica do laboratório de Limnologia cheguei com o questionamento para Sorana e Luiza “Na região que morava (Sepetiba), sempre foi muito abandonada, por que não pesquisamos trabalhos científicos relacionados à qualidade da água do município?”.
Elas toparam essa empreitada, mas nos deparamos com muitos problemas que deveriam ser conhecidos pela comunidade acadêmica dessa forma mudando totalmente a pergunta inicial. Então pesquisamos em 3 diferentes frentes (Social, ambiental e política), os acontecimentos na região e apresentamos em 3 seminários, um para cada tema.
A repercussão foi enorme, satisfatória e agradecemos a participação de todos que assistiram os seminários e nesse momento a você que leu esse pequeno trabalho porém com grande impacto pessoal.
Forte abraço!!!
Luiza Oliveira da Costa, Mariana R. Angelo de Oliveira e Sorana K.A.F. de Lima
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