Mediante ao exaustivo uso e exploração das imagens como recurso de divulgação, comercialização e informação, a imagem midiática se destaca por ter maior abrangência de público e utilização, sendo assim dialoga com o público, ou ao menos se espera que sim.
Paulo freire considera o diálogo como um fenômeno atribuído a capacidade humana. “se nos revela como algo que já poderemos dizer ser ele mesmo: a palavra. Mas, ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais que um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, também seus elementos constitutivos” (FREIRE, 2005, p.89).
Portanto, só se é livre, se houver o diálogo na prática na perspectiva transformadora e não restrita somente ao ato de conversar. Na educação, a dialogicidade é vista por Paulo Freire como uma potente ferramenta para libertar. Não somente na educação, mas nas relações humanas e sociais é um fenômeno libertador.
A dialogicidade é um termo criado por Paulo Freire em sua teoria que tem como essência principal da educação como a um ato libertador, pois o diálogo fundamentado na palavra é considerado como fenômeno humano, pois é natural do homem se comunicar, dialogar entre si no intuito de “pronunciar o mundo”, transformar a realidade e não alienado apenas ao ato instintivo de conversar.
Um ambiente transformado se dá a partir de trocas de experiências, e trocas positivas acontecem a partir do diálogo. Compreensão, interpretação permitem que o acesso a informação seja possível, ou melhor, ao que se é dito e consequentemente permite que se obtenha o saber. E falando em ambiente, questões ambientais e sustentabilidade a Educação Ambiental tem um papel efetivo na transformação social, uma vez que contextualizada com os pensamentos contemporâneos que sejam comprometidos com a justiça ambiental e com o respeito à diversidade.
Sendo assim, a educação ambiental para ser disseminada e transformadora é necessário que ocorra a dialogicidade, ou seja, um diálogo significativo com trocas de conhecimento, informação e experiências entre os agentes para que os fenômenos ocorram de forma assimilável e que proporcione resultados compreendendo que seja positivo provocando mudança de conduta e crenças em relação ao ambiente que se vive. Exercer o diálogo nas relações sociais, é muito mais do que uma escolha sensata, mas sim um ato de amor.
Destaco algumas imagens abaixo que a dialogicidade é restrita, uma vez que não transmite a principal ideia, ou seja, o que a realidade ambiental tem expressado.
Essas três figuras refletem a força popular em torno da construção do Porto no município de Macaé. Há um movimento massivo em torno dessa perspectiva com uma publicidade que reforça que a construção do Porto trará oportunidades para todos e desenvolvimento a cidade de Macaé-Rj. Quantos jornais de infuência noticiando a vinda do Porto como o desenvolvimento que o município de Macaé necessita e apontando como vilões aqueles que se posicionam contra a construção do Porto. Mediante a esses tipos de reportagem e a exploração midiática em torno da construção do Porto em Macaé, vale analisarmos se de fato há a dialogicidade, ou melhor, todos que repetem essa mensagem “Macaé Porto Já” sabem do que se trata? Tem consciência dos problemas ambientais e que fazem parte de um conflito ambiental? É muito provável que não tenham essa consciência de que estão trilhando um caminho delicado no meio de conflitos ambientais severos desconsiderando aspectos relevantes de políticas púlicas, como políticas ambientais e os impactos ecológicos que estão em jogo.
O professor Reinaldo Bozelli no Projeto Pólen e que fez parte na organização desse trabalho que tinha como missão a formação de educadores ambientais no estado do Rio de Janeiro afirma que a seguinte análise:
“Pensar a ação do ser humano, que lança mão de sua tecnologia mais avançada para explorar o petróleo e o gás de que todos precisamos, é perceber que ela se dá produzindo modificações no ambiente que, para serem entendidas, necessitam também de conhecimento ecológicos. Trata-se de uma busca por encontrar em entender padrões de organização dos sistemas biológicos, que são muito complexos, e como estes reagem às intervenções. Essa questão é central à preocupação social com o ambiente natural. Como uma etapa importante, mas que não se esgota em si mesma, precisamos entender como ele é, funciona, para que possamos viver com ele e nele sem destruí-lo.” (BOZELLI, 2010)
É altamente perigoso, sendo assim irresponsável assumir uma posição ou construir uma representação social diante a uma publicidade midiática e imagética ou notícia com informações rasas sobre um determinado assunto.
Partindo da lógica de que as pessoas somente compreendem acontecimentos reais ou eventos discursivos e são capazes de desenvolver ideias e formar opinião se elas tiverem conhecimento mais geral em relação a tais acontecimentos. Infelizmente na maioria das vezes a comunicação utilizada pelos recursos midiáticos são elaborados para não acontecer a dialogicidade ocultando informações valiosas que o povo deveria ter consciência. Essa é a forma que algumas organizações, instituições e veículos de comunicação utilizam para articular sobre a quem deve informar e a quem não deve informar e o que eles querem vender.
Portanto, defender que se construa um Porto no Município de Macaé, no mínimo deve ter consciência dos seus impactos nos recursos naturais da cidade. É sabido que a cidade vem enfretando há tempos problemas consideráveis com a água, alagamento e especulação imobiliária. Deve se pensar, primeiramente em enfrentamentos para essas questões prioritariamente. Este texto não vem se posicionar contra ou a favor da construção do Porto, mas salientar quais as questões prioritárias que estão envolvidas nesse processo e que a população não deve ser passiva, mas sim protagonista nessas decisões, mas para isso é necessário ter conhecimento das questões de cunho socioambiental que é demasiadamente conflituosa e complexa.
Literatura citada:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Paz e terra, 42 ed. 2005. TRISTÃO, Martha. Educação Ambiental: abordagens múltiplas. As dimensões e os desafios da educação ambiental na contemporaneidade. 2ª ed., Revista Ampliada. 2012, p. 233 DIJK, Teun a. V. Cognição, Discurso e interação. São Paulo. Editora Contexto. 3 ed. 2000 BOZELLI, R., SANTOS, F. L, LOPES, A., LOUREIRO, C. Curdo de Formação de Educadorfes Ambientais: a experiência do Projeto Pólen.Macaé: NUPEM/ UFRJ, 2010