Como já sabemos, a água é uma substância de característica peculiar, ou seja: sem gosto, sem sabor e sem cheiro. Presente em toda parte, mas de forma desigual. Responsável direta pela existência de vida no nosso planeta. Por isso, quando procuramos por indicio de vida em outros planetas, procuramos por água.
Mas, de forma geral, ela nunca está pura, com exceção da usada nos laboratórios, e em alguns processos industriais específicos. Neste caso podemos chama-la de destilada, deionizada, ou a ultrapura conhecida como Milli-Q.
Como falamos antes, a água geralmente encontrada por aí não esta pura. Possui uma série de substâncias químicas presente, dissolvidas ou não. Além de alguns microrganismos, como bactérias, fungos ou algas.
Na Amazônia as águas dos rios, lagos, ou igarapés, pode ser clara, preta ou branca. Mas em outros lugares pode ser barrenta, turva, cristalina.
Fonte: https://www.manaushoteis.tur.br/conheca-manaus/encontro-das-aguas
Como aperitivo temos agua de coco, tônica, aguardente ou a saborizada.
Para melhorar o odor, água de cheiro, de banho ou de colônia.
Quanto a saúde, temos a água inglesa, de berinjela e de alho.
Em função da quantidade e/ou da qualidade de sais dissolvidas podemos ter água doce, salobra, salgada, dura.
Dependendo do período do ano, elas fecham o verão, como as águas de março, com promessas de vida em nossos corações.
Dependendo dos isótopos do átomo de hidrogênio presente ela pode ser leve (H2O) ou pesada (D2O).
Quando vamos nadar, mergulhar, ou viajar de barco é importante sabermos se elas são rasas, profundas, abissais, continentais, internacionais, ou se estão de ressaca.
Com relação à fé temos a água benta ou fluidificada.
Dependendo da origem ela é mineral (gasosa, ferruginosa, sulforosa, magnesiana, radioativa ou termal), de poço, subterrânea, da nascente, de rio, marinha ou do mar.
Quando temos machucados ou contusões lá vem a oxigenada, boricada, vegeto mineral.
Mas ela também é usada para receber o que não presta, daí será conhecida como poluída, de vala, de esgoto, efluente, residual ou de reuso.
Neste último caso temos uma grande contradição. Pois se água é fundamental para existência de vida no planeta, por que lançamos tanta sujeira nos diferentes ambientes aquáticos? Em tempos de crise financeira, não seria mais lógico economizar no tratamento de água? Não gastaríamos menos com insumos para tratá-la?
Por isso, precisamos cuidar das fontes de água para o abastecimento, como rios e represas. No Brasil não temos compromisso com a questão de saneamento básico, e muito menos com relação ao meio ambiente. Como mostra nossa história recente, onde quase ficamos sem o ministério do Meio Ambiente. Além das valas negras, lançamos toneladas de esgoto doméstico e resíduos industriais nos ambientes aquáticos. Esta prática, além de danos ecológicos, produz sérios problemas sociais e econômicos.
Nos últimos dias, no Rio de Janeiro, nas diferentes formas de mídia, nas casas e ruas, a discussão é sobre cor, cheiro e sabor da água fornecida pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE). O gosto é semelhante ao da água do filtro de barro da vovó. Pena que não traz boas lembranças.
Este gosto está relacionado a presença de geosmina (do grego, perfume da terra). Substância química produzida por microrganismos presentes na água, como as cianobactérias. A grande quantidade de esgoto, rico em nutrientes como nitrogênio e fósforo, favorece a proliferação destes organismos, principalmente em condições de temperatura elevada e disponibilidade de luz.
Fórmula da Geosmina (trans-1,10-dimetil-trans-9-decalol)
Então vieram as discussões. Questionamentos sobre a qualidade da água que está saindo da torneira. Propostas de mudança no curso de rios da Bacia do Sistema Guandu. Alterações no sistema de tratamento da água. Uso de carvão ativado. Muitas são as propostas, com objetivo de atender a demanda de abastecimento de água da capital do Rio de Janeiro e de municípios próximos, com uma água de qualidade.
Todas estas questões possuem uma indiscutível relevância. Mas, além disso, podemos destacar que nos ambientes aquáticos, ou no seu entorno, vários outros seres vivos morreram ou estão doentes. Espécies desapareceram. Comunidades ribeirinhas sofrem a muitos anos com a redução do pescado. Até quando vamos nos preocupar apenas com a geração de energia, produção agrícola ou abastecimento de água? E a questão ecológica? Quando vamos entender, que quando falamos de meio ambiente, não somos simples expectadores? A água não pode ser encarada como uma simples mercadoria. Por isso, quando falamos na gestão deste recurso, não podemos esquecer nos múltiplos aspectos envolvidos. Pois poderemos ser a próxima vítima.
Então. Vai uma Água de Geosmina aí? É o que tem pra hoje.
Links relacionados:
http://www.scielo.br/pdf/esa/v16n4/a06v16n4
https://nossaciencia.com.br/colunas/a-vida-por-tras-do-cheiro-de-terra-molhada/
Comments 2