Você sabe o que é fitoplâncton e zooplâncton?
O termo plâncton se refere a pequenos organismos que vivem na coluna d’água e não possuem movimentos que os permitam vencer as correntes de água. Este termo foi criado em contraposição a dois outros, o nécton (organismos que vivem na coluna d’água e conseguem superar as correntes) e o bentos (vivem associados ao fundo ou a algum outro substrato). Por sua vez, costumamos classificar o plâncton em 2 componentes: o fitoplâncton e o zooplâncton. Fitoplâncton se refere aos organismos autotróficos, como as microalgas, e zooplâncton se refere aos animais heterotróficos. Estas classificações servem para todos os ecossistemas aquáticos – oceanos e ecossistemas de água doce.
O plâncton pode não ser tão conhecido pelas pessoas, mas é essencial para a vida como conhecemos. Os organismos fitoplanctônicos são os principais produtores primários dos ecossistemas aquáticos. Isto significa que eles fazem a fotossíntese – transformam a energia do Sol e gás carbônico em carboidratos, liberando oxigênio no processo. Com isto, eles são a base das teias alimentares aquáticas. O zooplâncton, por sua vez, consome o fitoplâncton e é consumido por organismos maiores, fazendo o elo entre a energia adquirida e acumulada pelo fitoplâncton e os outros organismos, como os peixes.
Pensar no fitoplâncton como produtores e no zooplâncton como consumidores primários ajuda a entender seu papel nos ecossistemas, mas também pode passar a falsa impressão de que são grupos uniformes e pouco diversos. Na verdade, ambos são grupos bastante diversos em relação à taxonomia e modos de vida. Na década de 1960, o biólogo George Hutchinson cunhou o termo “paradoxo do plâncton” para descrever como o plâncton é tão diverso, mesmo em um ambiente relativamente uniforme onde a competição entre os organismos deveria levar a uma baixa diversidade.
Dito isto, características do ambiente (da água) influenciam a diversidade do plâncton. Em um dos capítulos da minha tese de doutorado, eu analisei que fatores influenciam o fitoplâcton e o zooplâncton em mais de 1000 lagos na América do Norte. Para o zooplâncton, nesta escala, a altitude e a temperatura são os fatores essenciais: maiores altitudes e menores temperaturas parecem favorecer cladóceros do gênero Daphnia, que são relativamente maiores. Em maiores temperaturas, a predação por peixes favorece o zooplâncton de menor tamanho, que não é tão facilmente visto (e predado) pelos peixes. Para o fitoplâncton, além da altitude e temperatura, o uso do solo no entorno e o nível de nutrientes também são importantes.
Assim como nas plantas terrestres, nutrientes podem estimular o crescimento do fitoplâncton. Quanto mais nutrientes (principalmente fósforo e nitrogênio), maior a quantidade (biomassa) de fitoplâncton o ecossistema pode suportar. Porém, isso não é necessariamente uma coisa boa. Quando há nutrientes em excesso, causado pelo aporte de esgoto, por exemplo, ocorre um fenômeno chamado de eutrofização artificial. O aumento na quantidade (biomassa) e na produtividade primária causa a dominância de uma ou poucas espécies, ou seja, uma ou poucas espécies do fitoplâncton crescem descontroladamente, em detrimento de muitas outras. Isto tem outras consequências para o funcionamento do ecossistema aquático. Algumas destas espécies produzem toxinas, que prejudicam o zooplâncton e outros organismos. Além disso, o acúmulo da matéria orgânica do fitoplâncton pode levar a uma grande decomposição desta matéria orgânica, o que pode esgotar o oxigênio na água, causando mortandade de peixes.
Com isto, da próxima vez que você ver um lago, um rio, ou outro corpo d’água, lembre que por trás daquelas águas aparentemente calmas há uma grande profusão de espécies microscópicas que ali vivem, interagem entre si e com outros organismos, e são responsáveis pelo bom funcionamento daquele ecossistema!