A palavra plâncton vem do grego “planktós“, que significa “errante” ou “vagante”, que se refere a uma particularidade de organismos aquáticos que vivem suspensos na água e são incapazes de nadar contra a corrente, incluindo desde bactérias e algas microscópicas até pequenos animais, como crustáceos e larvas de peixes.
Estes grupos de seres são classificados de acordo com sua natureza funcional: o fitoplâncton, formado por microalgas fotossintetizantes; o bacterioplâncton, composto por bactérias fundamentais nos processos de decomposição; o virioplâncton, constituído por vírus; e o zooplâncton, que inclui pequenos animais, como os microcrustáceos.
Aqui neste texto vamos dar mais destaque ao grupo do zooplâncton e do fitoplâncton.

Dentro dos animais que constituem o zooplâncton de águas doces , destacam-se três grandes grupos: a ordem dos cladóceros, que têm corpo em forma de gota e nadam com movimentos curtos e rápidos. Também são conhecidos como pulgas-de-água; o filo dos rotíferos, a origem de seu nome vem do latim rota, que significa “roda”, em referência à coroa de cílios que circunda a boca (chamada de mástax) desses animais e se move rapidamente para capturar partículas de alimento, criando a aparência de uma micro roda gigante em movimento; e a subclasse dos copépodes, ágeis nadadores com longas antenas.



Mas como estudar seres tão pequenos que nem conseguimos ver a olho nu? A resposta está na tecnologia! Nós, cientistas, utilizamos lupas para observar organismos um pouco maiores, como alguns copépodes e cladóceros, enquanto os microscópios ópticos revelam os detalhes finos de rotíferos, como números de espinhos e garras. Já o microscópio invertido, muito usado em laboratórios de ecologia aquática, é ideal para analisar amostras de microalgas do fitoplâncton sem precisar transferir os organismos para lâminas, o que facilita a observação e a contagem dos indivíduos tal como estão na água. Esses equipamentos são essenciais para identificar e entender quem são os habitantes invisíveis das águas doces.

Porém, mais do que uma simples curiosidade científica, e além do prazer de conhecer e estudar esses organismos per se, identificá-los é fundamental porque eles funcionam como indicadores da saúde ambiental. Isso significa que, ao analisarmos quais tipos de algas e pequenos animais estão presentes (ou ausentes) em um corpo d’água, podemos inferir se o ambiente está sofrendo com impactos, como poluição, falta de oxigênio ou excesso de nutrientes.
Do ponto de vista ecológico, o fitoplâncton e o zooplâncton têm papéis indispensáveis. O fitoplâncton, por realizar fotossíntese, é o principal produtor de energia nos ambientes aquáticos, transformando carbono inorgânico em carbono orgânico assimilável. Já o zooplâncton se alimenta dessa base energética e, por sua vez, serve de alimento para organismos maiores, como larvas de peixes, girinos, libélulas e outros macroinvertebrados aquáticos. Ou seja, esses organismos microscópicos são o elo entre os níveis tróficos inferiores (os produtores) e os superiores (os consumidores maiores), sustentando toda a cadeia alimentar.

Além disso, os desequilíbrios nas abundâncias desses grupos podem sinalizar processos prejudiciais ao ambiente, como a eutrofização — quando há excesso de nutrientes na água, geralmente por esgoto ou fertilizantes. Nesses casos, as cianobactérias, por exemplo, podem proliferar descontroladamente e formar florações tóxicas, prejudicando a vida aquática e até a saúde humana. Por isso, monitorar o fitoplâncton e o zooplâncton é essencial não só para entender os ecossistemas, mas também para proteger a qualidade da água que usamos e o equilíbrio da vida nos ambientes de água doce.
Em resumo, embora invisíveis a olho nu, os organismos planctônicos são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Eles sustentam as cadeias alimentares, ajudam a manter a qualidade da água e refletem a saúde do ambiente em que vivem. Ao conhecermos melhor esses pequenos seres, não apenas compreendemos qual a função deles nos sistemas naturais, mas também nos tornamos mais conscientes da importância de preservar as águas doces, as quais são fontes essenciais de vida.







