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Entre poças e lagoas, do PELD ao INCT: a trajetória recente da Limnologia UFRJ nas áreas úmidas da Restinga de Jurubatiba

Por: Rayanne Barros Setubal

LimnoNews por LimnoNews
10/09/2025
in Limnologia
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Entre poças e lagoas, do PELD ao INCT: a trajetória recente da Limnologia UFRJ nas áreas úmidas da Restinga de Jurubatiba

Figura 6 - Poça Canon - Pequena Área Úmida de exuberante beleza

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A história da Limnologia UFRJ se inicia, nos primórdios das décadas de 80 e 90, com os primeiros estudos realizados pelo professor Franscisco Esteves e seus jovens orientandos e orientandas, nas lagoas costeiras no norte fluminense. Desde então, as relevantes contribuições deste grupo de pesquisadores culminaram, não só em publicações científicas de alto impacto, mas também em diversas ações de grande importância para a sociedade fluminense e brasileira, como a criação do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (em 1998) e a interiorização da universidade com o estabelecimento do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé- NUPEM (em 1994), hoje Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade NUPEM/UFRJ. 

Figura 1 – Mapa de localização e delimitação do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

Com o advento do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), cuja primeira versão para a restinga de Jurubatiba foi aprovada nos anos 2000 com o seguinte tema “Perturbações naturais e antrópicas nos ecossistemas da restinga do norte fluminense: sucessão estrutural e funcional com base para conservação e manejo” (Esteves et al., 2005), foi possível o desenvolvimento de uma ampla gama de conhecimentos científicos que alicerçou todo o porvir de estudos limnológicos na região. Desde então, diversos outros projetos, inclusive outras versões do PELD, foram desenvolvidos no âmbito das pesquisas nos ambientes aquáticos da restinga de Jurubatiba. Com quase três décadas de estudos realizados, duas importantes obras sumarizam o desenvolvimento científico realizado no contexto do PELD, os livros “Pesquisas de Longa Duração na Restinga de Jurubatiba: Ecologia, História Natural e Conservação” (Esteves et al., 2004) e “Dimensões ecológicas, geológicas e humanas em estudos de longa duração no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro” (Gonçalves et al., 2023).

Figura 2 – Imagem aérea da Lagoa Comprida, uma das 18 lagoas protegidas pelo Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e historicamente estudada pelos pesquisadores da Limnologia UFRJ.

Mais de 20 anos depois, as sementes desta trajetória de compromisso com a preservação do meio ambiente e com o desenvolvimento de uma ciência ética e voltada para a justiça social ainda germinam e florescem em solos arenosos. Continuamos mergulhando nas águas escuras das lagoas costeiras, cujos mistérios e encantamentos permanecem inspirando novas e intrigantes questões ecológicas. Mas, desde os anos de 2010, nos permitimos passear pela restinga e investigar outros sistemas aquáticos, que embora menores em área e/ou volume, são igualmente fascinantes e inspiradores: as poças. Também chamadas de Pequenas Áreas Úmidas (PAUs, para os íntimos), estes ambientes com dinâmica hidrológica peculiar, com fauna e flora adaptada, tem servido como modelo de estudo para questões que envolvem a ciclagem de nutrientes, passando pela dinâmica de metacomunidades até estudos sobre estratégias ecológicas-evolutivas de adaptação a eventos de seca. Entretanto, na mesma proporção em que estes ambientes nos presenteiam com insights ecológicos e fascínio científico, as PAUs são dizimadas ou permanentemente modificadas por ações antrópicas.

Figura 3 – Amostragem realizada em poça temporária localizada no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba

Partindo deste contexto e reafirmando a máxima de que precisamos conhecer para preservar, iniciativas em âmbito nacional surgiram de forma a criar um sistema único de classificação de áreas úmidas. Os estudos desenvolvidos pelo professor Junk em parceria com diversos pesquisadores brasileiros deram o pontapé inicial para o estabelecimento de um sistema de classificação de áreas úmidas (Junk, Cunha, and Piedade 2015), trazendo importantes conceitos e aplicações para diferentes realidades socioambientais brasileiras. Tendo como base a delimitação prevista no sistema proposto por Junk e colaboradores para as áreas úmidas costeiras, os pesquisadores da Limnologia UFRJ enxergaram uma importante oportunidade de contribuir para o desenvolvimento desse sistema de classificação utilizando as áreas úmidas da restinga de Jurubatiba como modelo ecológico. Então, por volta de 2017 foi criado um grupo de estudo que reunia alunos de graduação e pós-graduação, professores e pesquisadores, cujo principal objetivo era propor e desenvolver estudos sobre a estrutura, dinâmica e funcionamento das áreas úmidas da restinga de Jurubatiba, em especial das poças. Como principais produtos gerados por este grupo temos um artigo de síntese publicado em 2018 (Bozelli et al. 2018), dissertações, trabalhos de conclusão e artigos de trabalhos desenvolvidos pelos estudantes de graduação e pós-graduação e, mais recentemente, o capítulo “Classificação dos macro-hábitats do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba-RJ” que compõe o livro  “Inventário das Áreas úmidas Brasileiras: Distribuição, ecologia, manejo, ameaças e lacunas de conhecimento”  (Junk and Cunha 2024) lançado em 2024 durante o V Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas.

Figura 4 – Grupo de estudo sobre Pequenas Áreas Úmidas em reunião científica.

Este capítulo de livro é um marco nos estudos desenvolvidos em áreas úmidas, pois é o primeiro em âmbito nacional a estabelecer um sistema de classificação detalhado para diferentes categorias de macro-hábitats para uma paisagem úmida costeira e o segundo considerando todos os tipos de áreas úmidas brasileiras (anteriormente, somente para o Pantanal um sistema de classificação havia sito proposto). Portanto, além de seu caráter pioneiro, o sistema de classificação das AUs da restinga de Jurubatiba estabelece as bases e critérios de classificação que podem ser adaptadas e aplicadas a outras paisagens úmidas costeiras em território nacional. 

Dando continuidade as iniciativas de ampliar e fomentar o desenvolvimento científico a cerca das áreas úmidas, os pesquisadores e pesquisadoras da Limnologia UFRJ ingressaram na Chamada CNPq/SECTICS/CAPES/FAPs Nº 46/2024 – Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – INCT como parte da equipe executora da proposta “INCT – Rede de Paisagens Úmidas Brasileiras (WETSCAPE)” que reúne dezenas de pesquisadores em todo o Brasil e foi aprovada neste ano. Nesta proposta, nossos objetivos estão relacionados a compreender os efeitos das mudanças climáticas e eventos extremos (secas) sobre a variação hidrológica dos macrohabitats “1- Áreas permanentemente aquáticas”, “2-Áreas periodicamente terrestres com dominância da fase aquática” e “3- Áreas periodicamente terrestres com dominância da fase terrestre” e a resiliência das comunidades aquáticas planctônicas frente a modificações no hidroperíodo. Esse objetivo se insere no contexto global de mudanças climáticas e busca compreender a resiliência dos ecossistemas a estressores, como por exemplo o aumento de secas severas.

Figura 5 – Amostragem em Poça Temporária localizada no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba

Além desta frente de pesquisa, ingressamos também na Chamada CNPq/CONFAP-FAPs/PELD No 23/2024 para um novo projeto PELD – “Integrando as dimensões espacial, temporal e social no funcionamento e biodiversidade de um mosaico de restinga e lagoas costeiras no Norte Fluminense”. Nossos objetivos e perspectivas para um novo estudo de longa duração envolvem avaliar os efeitos das mudanças climáticas, alterações no balanço hídrico e salinização sobre a estrutura da comunidade zooplanctônica e características limnológicas de lagoas costeiras por meio de análise de dados históricos (gerados nos projetos anteriores) e atuais (monitoramento semestral). Nossa hipótese é que, devido às mudanças nos padrões de precipitação e consequente aumento de salinidade, haverá uma redução da diversidade zooplanctônica regional e um processo de homogeneização taxonômica e funcional, com redução da variabilidade inter-ambiente.

Entre poças e lagoas, a nossa jornada descortinando os encantos das áreas úmidas da Restinga de Jurubatiba segue sendo um dos nossos maiores desafios. Compreender a poesia da vida por trás dos fenômenos ecológicos que se concretizam nas mais diferentes manifestações, torna essa jornada uma aventura recheada de belas paisagens, reflexões sobre a capacidade adaptativa dos seres vivos (e nossa!) em lidar com o imprevisível e compreensão sobre a importância do trabalho colaborativo em rede. Que venham ainda muitos anos de mergulho nas águas escuras das áreas úmidas da Restinga de Jurubatiba!

Figura 6 – Poça Canon – Pequena Área Úmida de exuberante beleza

Referências:

BOZELLI, R. L. et al. Pequenas áreas úmidas: importância para conservação e gestão da biodiversidade brasileira. Biodiversidade e Gestão, v. 2, n. 2, p. 122–138, 2018.

ESTEVES, F. A. et al. Projeto EcoLagoas: Um modelo de pesquisa, educação e cidadania. In: ROLAND, F.; CESAR, D.; MARINHO, M. (eds.). Lições em Limnologia. São Carlos: Rima, 2005. p. 115-125.

GONÇALVES, P. R. et al. (Orgs.). Dimensões ecológicas, geológicas e humanas em estudos de longa duração no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro. 1. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2023. v. 1.

JUNK, W. J.; CUNHA, C. N. da (Orgs.). Inventário das áreas úmidas brasileiras: Distribuição, ecologia, manejo, ameaças e lacunas de conhecimento. 1. ed. Cuiabá, MT: Carlini & Caniato Editorial, 2024. 720 p. Disponível em: https://inau.org.br/site/images/e-book/c_c_inventario_das_areas_umidas_brasileiras_inau_e-book.pdf. 

JUNK, W. J.; CUNHA, C. N. da; PIEDADE, M. T. F. Classificação e Delineamento das Áreas Úmidas Brasileiras e de seus Macrohabitats. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2015.

ROCHA, C. F. D.; ESTEVES, F. A.; SCARANO, F. R. (Orgs.). Pesquisas de longa duração na Restinga de Jurubatiba: ecologia, história natural e conservação. São Carlos: Rima Editora, 2004.

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