Há algum tempo eu falei aqui sobre o projeto Pronex-Mercam, e hoje vou explicar um pouco mais sobre seu funcionamento.
O que é o Pronex?
O Pronex-Mercam, ou só “Pronex”, é um projeto de pesquisa com o nome oficial de: “Biogeoquímica do Mercúrio e do Carbono na Amazônia“. Iniciado em 2011 e ainda em andamento, envolve várias instituições do Brasil e tem patrocínio e apoio do CNPq, FAPEAM, CAPES e INPeTam.
O que queremos responder?
O principal objetivo do Pronex é entender como funcionam os ciclos biogeoquímicos do carbono e do mercúrio em ambientes aquáticos. Queremos saber, por exemplo, quanto de mercúrio existe na água nos principais rios da região e quanto deste elemento está sendo consumido pelo plâncton e pelos peixes. Além disso queremos entender onde e como ocorrem as reações que transformam o mercúrio inorgânico em sua forma mais tóxica, o metilmercúrio.
Em relação ao carbono, são três as perguntas principais: 1- quanto CO2 e metano (gases-estufa importantes) são emitidos pelos rios, lagos e matas alagada da Bacia Central Amazônica?; 2- como estes gases são produzidos nestes ambientes: através da ação de microorganismos, sob efeito da luz solar ou por outra via?; e 3- como a emissão e a produção são afetadas por características do ambiente, como quantidade de carbono dissolvido, condutividade da água e período do pulso de inundação.
Por que?
Mercúrio e carbono são dois elementos muito estudados na ecologia. O primeiro por ser tóxico e estar presente em diversos ambientes e alguns alimentos consumidos pelo homem. E o segundo por ter um importante papel em vários processos dos ecossistemas, e devido à crescente preocupação com gases que podem aumentar o aquecimento global e influenciar as mudanças climáticas. A Amazônia, apesar de ser bastante estudada, é muito grande e muito complexa, fazendo com que existam ainda hoje inúmeras questões não respondidas pela ciência.
Quais ambientes estudamos?
As campanhas de coleta do Pronex foram concentradas em duas regiões principais: a bacia do Rio Negro e a bacia do Rio Solimões. Nós coletamos em um total de 32 grandes rios e lagos, ao longo de um percurso de mais de 700 km no Rio Negro e mais de 1100 km no Solimões e Amazonas. Os ambientes foram os mais variados possíveis: lagos de planície com o dobro do tamanho da Baía de Guanabara; rios com água cor de mate; rios de água naturalmente barrenta; florestas que passam 6 meses por ano embaixo da água – pelo efeito do pulso de inundação – , entre outros.
O que já foi feito?
Em dezembro de 2012 foi realizada a última campanha de coleta do projeto. Foram um total de 6 campanhas, iniciadas em julho de 2011 e totalizando mais de 100 dias embarcados. Coletamos uma quantidade imensa de dados, que estão sendo analisados agora. O workshop do projeto marcou o início de uma nova fase, onde vamos processar todos os resultados obtidos e escrever os artigos científicos que surgirão a partir do projeto.
Quem participa do projeto?
O Pronex foi coordenado pelo prof. Bruce Forsberg, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA). Além disso há pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Universidade Federal do Pará (UFPA), do Instituto de Biofísica da UFRJ e do Departamento de Ecologia da UFRJ. Dentro do Laboratório de Limnologia, este projeto faz parte da tese de doutorado e dissertação de mestrado dos alunos Vinicius Scofield e Pedro Barbosa, respectivamente, orientados pelo prof. Vinicius Farjalla.
Para saber mais sobre o Pronex, acesse a página A Biogeoquímica do Carbono e Mercúrio na Bacia Amazônica no site do nosso laboratório.
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