Estatística é uma ferramenta muito útil no dia a dia de um cientista, principalmente para nós ecólogos. Existem muitos cursos, livros e outros tipos de material disponível sobre o assunto. No entanto, muitos de nós ainda temos muita dificuldade em dar os primeiros passos e avançar um pouco mais fundo em determinadas análises. Como isso é possível, se existem tantas fontes para podermos aprender a usar essa ferramenta? Existem muitas coisas que poderiam explicar esse fenômeno para a maioria de nós (biólogos), mas eu arriscaria a dificuldade em lidar com números e pensar em matemática. Acho que isso cria um bloqueio e uma aversão ao assunto, impedindo que a gente progrida.
Mas tem algumas coisas que eu aprendi nesses últimos anos: a gente aprende com a oportunidade que nós recebemos e com as que aproveitamos; e, com um pouco de esforço e tempo, dá para ir longe. Digo essas duas coisas pois tenho visto muita gente que fica avessa a ideia de aprender um pouco mais sobre estatística quando vê quanto conhecimento algumas pessoas (alunos e professores) tem sobre o assunto – mas não dá para julgar o conhecimento que as pessoas adquirem sem considerar as oportunidades e o tempo que elas tiveram para desenvolver e aperfeiçoar as técnicas.
Outro caso que tenho notado é que todo mundo tenta usar caminhos muito parecidos para aprender estatística: os mesmos livros, as mesmas aulas, as mesmas pessoas, os mesmos materiais. Mas as pessoas são diferentes. Cada um aprende de um jeito distinto. Cada um prefere um caminho pra contornar a montanha. Portanto, acho que o primeiro conselho que dou aqui é: descubro o seu jeito de aprender (estatística) e ensine os primeiros passos a si mesmo. Pode parecer um tanto contra-intuitivo…mas ao dar os primeiros passos, você vai perceber que a coisa toda não é tão difícil e vai ficar menos ‘tímido’ para avançar.
Uma coisa importante é que você não precisa necessariamente saber como a análise que você está aprendendo funciona nos mínimos detalhes, em cada etapa e em cada cálculo – mais importante, você precisa ter uma noção do que ela está fazendo. Não quero dizer com isso que você deva apenas bater com o martelo no prego, longe disso. Mas, a estatística não é a nossa finalidade, apenas o meio para entendermos melhor o nosso trabalho. A melhor analogia para essa ideia é a dirigir: você não precisa saber todos os detalhes do funcionamento do motor de um carro, mas você precisa saber o básico para manter o carro funcionando; caso algum problema comece a aparecer, você tem uma vaga ideia de onde ele vem e como resolver.
Por fim, preocupe-se em aprender a usar as análises mais comuns e a usar elas de forma adequada, sabendo quais são os seus usos e pressupostos. Encontrar o resultado que queremos é sempre muito bom, mas nessa busca podemos acabar nos enganando, sem verificar outputs importantes. Rodar um teste estatístico não é só determinar a variável resposta e a preditora – isso é, digamos, 5% do trabalho. Rodar um teste é muito mais que isso, envolve muitas etapas de idas e vindas, repetições de etapas e verificações, até que se chegue em um ponto aceitável.
É sobre essas etapas que tenho conversado ultimamente. E é sobre isso que vou escrever em outras postagens nas próximas semanas. Meu objetivo vai ser te dar conselhos, compartilhar experiências e dicas que podem ser úteis no que quer que você esteja fazendo. É claro, que tudo isso vai ser mais prático do que teórico. Eu estou longe de entender como tudo funciona, mas me preocupo muito em saber pra que elas servem e como fazer as coisas da melhor forma possível.
A minha primeira contribuição sobre estatística esta aqui. A segunda contribuição começa aqui e será seguida por mais duas postagens. Te vejo em breve!