As tarifas que nos são cobradas pelo consumo de água, não estão somente associadas com a abundância dos reservatórios da região, mas principalmente com os gastos da sua captação, tratamento e distribuição.
Sem entrar tanto na esfera política, onde os preços também podem ser atenuados por subsídios do governo e investimentos privados, é importante ressaltar que as agências responsáveis pela distribuição de água não são reguladas por uma única agência federal. As agências que distribuem água, são reguladas por agências municipais e estaduais, o que gera uma variação enorme nos preços entre diferentes localidades no Brasil. Para exemplificar, um levantamento do Ministério das Cidades em 2013, constatou que os habitantes do Rio Grande do Sul pagam em média R$4,18/metro cúbico, já os maranhenses R$1,62/metro cúbico (uma variação de 158%).
É claro que não podemos subtrair da conta, a dificuldade de captação de água em determinadas regiões e a complexidade de distribuição em um território tão extenso. O objetivo específico desse post é questionar: será que em termos de tratamento, se nossas águas fossem menos poluídas, pagaríamos menos por ela?
Na teoria faz sentido.
No Rio de Janeiro, a acentuada poluição do rio Guandu tem ocasionado à Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) crescentes custos operacionais por causa dos despejos industriais e dos esgotos. No ano de 2001, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro (SEMADS/RJ) disse que 250 toneladas/dia de cloro, cloreto férrico, sulfato de alumínio, polímero, cal e flúor estavam sendo empregados pela empresa a fim de tornar a água própria ao consumo humano.
A preocupação mundial com a qualidade da água é constante. A cada ano ocorrem cerca de 3,5 milhões de mortes relacionadas ao fornecimento inadequado de água, saneamento básico e higiene, predominantemente em países em desenvolvimento (WHO, 2008b). Esta informação destaca a importância no investimento por parte do governo nestas áreas, assim como na conservação e recuperação dos corpos hídricos. Nós limnólogos podemos falar eternamente sobre a importância ecológica dos ecossistemas aquáticos, mas a sua manutenção traz também benefícios econômicos e sociais. Onde o aprimoramento na qualidade da água geraria gastos menores com o sistema de saúde, menos dias perdidos de trabalho ou escola e economia de tempo na vida das pessoas (Hutton et al., 2007).
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