LimnoNews
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros
    • Encontro Científico
    • Mudanças Climáticas
    • Relatos de Experiência
    • Ecossistemas
No Result
View All Result
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros
    • Encontro Científico
    • Mudanças Climáticas
    • Relatos de Experiência
    • Ecossistemas
No Result
View All Result
LimnoNews
No Result
View All Result

O plâncton e seu paradoxo

Elder Sodré por Elder Sodré
06/09/2024
in Ecologia
0
Limnonews – Limnologia UFRJ
Share on FacebookShare on Whatsapp

Uma das questões básicas em ecologia é como diferentes espécies se juntam formando uma comunidade. Pensando nisso, a partir de pesquisas ecológicas na primeira metade do século XX, foi formulado o princípio da exclusão competitiva. Este princípio diz que duas espécies que ocupam o mesmo nicho ecológico, e portanto competem pelos mesmos recursos, não podem coexistir: uma tende a excluir a outra. O que acontece é que quando duas espécies competem pelo mesmo recurso limitante, os níveis deste recurso tendem a cair até chegar a níveis insuficientes para uma das espécies, que acaba sendo excluída.

Um exemplo clássico do princípio da exclusão competitiva foi um experimento feito por Gause, décadas atrás. Ele cultivou duas espécies de protozoário em laboratório, Paramecium aurelia e Paramecium caudata, separadamente e em conjunto. Quando cultivadas separadamente, ambas sobrevivem. Quando cultivadas juntas, por competirem pelo mesmo recurso limitante, uma exclui a outra.

fig22
P. aurelum e P. caudata crescendo separadas (pontos) e em conjunto (quadrados)

Porém, em 1961, Hutchinson, grande ecólogo, publicou um artigo mostrando uma situação em que o princípio da exclusão competitiva parece não fazer sentido. Ele observou que, no mar e na água doce, há muitas espécies de fitoplâncton. E todas elas competem basicamente pelos mesmos recursos, que são a luz e alguns nutrientes. Como, então há uma diversidade tão grande de espécies competidoras no mesmo ambiente? Por que uma espécie não exclui a outra? A isso, ele chamou de “o paradoxo do plâncton”.

crowded-house-2
O fitoplâncton é formado por várias espécies que desempenham basicamente o mesmo nicho ecológico

Desde então, surgiram várias hipóteses surgiram para explicar o paradoxo, e até hoje o assunto não está esgotado. O princípio da exclusão competitiva acontece quando o ambiente está em equilíbrio, sem grandes alterações. Isto é fácil de se conseguir em laboratório, mas é difícil de ser encontrado em ambientes naturais. Portanto, a maioria das explicações para o paradoxo do plâncton foca na ausência de equilíbrio.

Ao contrário de experimentos de laboratório, os ambientes naturais são altamente variáveis, tanto no espaço quanto no tempo. A concentração de nutrientes na água, pode amentar ou diminuir em pulsos, e a movimentação da água, por turbulência, ou diferenças de temperatura e densidade, fazem com que os recursos não estejam distribuídos de forma homogênea na água. Apesar destas diferenças de concentração de recursos muitas vezes ocorram em pequena escala, podem ser suficientes para influenciar a dinâmica do microscópico fitoplâncton.

Além disso, em ambientes naturais, há muito mais que nutrientes e fitoplâncton. Organismos zooplanctônicos podem estar constantemente predando organismos das espécies mais abundantes, impedindo que haja um predomínio de uma única espécie. Estes efeitos de predador, além de outros efeitos de teias tróficas, são conhecidos em ecologia por mediar a coexistência de competidores em diferentes comunidades aquáticas e terrestres. Nestes casos, apesar da predação retirar organismos das populações, ela aumenta a diversidade como um todo.

Mesmo sem a predação, a capacidade competitiva não é o único fator envolvido. Muitas espécies de fitoplâncton produzem toxinas. Estas toxinas compensam a desvantagem competitiva das espécies que as produzem, diminuindo o crescimento de espécies competitivamente superiores. E quando há zooplâncton, a produção de toxinas diminui consideravelmente a predação sobre as espécies que as produzem.

Com isso, são múltiplas explicações para o problema levantado por Hutchinson décadas atrás. São tantas explicações, que agora o desafio é saber qual mecanismo dentre tantos, ou qual combinação de mecanismos,  é responsável pela coexistência de tantas espécies de fitoplâncton em comunidades reais. Recentemente, este novo desafio foi apelidado de “O paradoxo do paradoxo do plâncton”.

Ciquenta e cinco anos após o clássico artigo de Hutchinson, “The plankton paradox”, ainda há debate sobre o assunto. Isto mostra o quanto a ciência ecológica ainda tem espaço para avançar mesmo em questões básicas.Afinal, a natureza é muito mais complexa, e portanto mais bela, que nossas meras abstrações e modelos matemáticos.

BIBLIOGRAFIA E LEITURAS COMPLEMENTARES

Gause, G.F. (1934) Experimental Analysis of Vito Volterra’S Mathematical Theory of the Struggle for Existence. Science, 79, 16–17.

Hutchinson, G.E. (1961) The Paradox of the Plankton. Am. Nat., 95, 137–145.

Record, N.R., Pershing, A.J., & Maps, F. (2014) The paradox of the “paradox of the plankton.” ICES J. Mar. Sci., 71, 236–240.

Roy, S. & Chattopadhyay, J. (2007) Towards a resolution of “the paradox of the plankton”: A brief overview of the proposed mechanisms. Ecol. Complex., 4, 26–33.

Scheffer, M., Rinaldi, S., Huisman, J., & Weissing, F.J. (2003) Why plankton communities have no equibrium: solutions to the paradox. Hydrobiologia, 491, 9–18.

Previous Post

Pode a pesquisa em Educação Ambiental contribuir com o enfrentamento das Mudanças Climáticas?

Próximo Post

Vamos falar sobre: Qual a sensibilidade das espécies às mudanças climáticas?

Elder Sodré

Elder Sodré

Related Posts

Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Eu e a Limnologia, a Limnologia e eu

abril 17, 2025
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Em Casa. Tudo Limpo e Liberado. Mas do ralo pra baixo…

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

O “comigo não tá” do pique-esconde quando o assunto é lixo

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

ÁGUA: A OBRA-PRIMA DO UNIVERSO.

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Um limnólogo na floresta/A limnologist in the forest

setembro 6, 2024
Limnonews – Limnologia UFRJ
Ecologia

Pra que serve a sua pesquisa?

setembro 6, 2024
Próximo Post
Limnonews – Limnologia UFRJ

Vamos falar sobre: Qual a sensibilidade das espécies às mudanças climáticas?

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Categorias

Archives

  • junho 2025
  • maio 2025
  • abril 2025
  • março 2025
  • fevereiro 2025
  • setembro 2022
  • março 2021
  • fevereiro 2021
  • novembro 2020
  • outubro 2020
  • setembro 2020
  • agosto 2020
  • julho 2020
  • junho 2020
  • maio 2020
  • abril 2020
  • março 2020
  • janeiro 2020
  • julho 2019
  • maio 2019
  • abril 2019
  • fevereiro 2019
  • novembro 2018
  • outubro 2018
  • setembro 2018
  • agosto 2018
  • julho 2018
  • junho 2018
  • maio 2018
  • abril 2018
  • março 2018
  • fevereiro 2018
  • janeiro 2018
  • dezembro 2017
  • novembro 2017
  • outubro 2017
  • setembro 2017
  • agosto 2017
  • julho 2017
  • junho 2017
  • maio 2017
  • abril 2017
  • março 2017
  • fevereiro 2017
  • janeiro 2017
  • dezembro 2016
  • novembro 2016
  • outubro 2016
  • setembro 2016
  • julho 2016
  • junho 2016
  • maio 2016
  • abril 2016
  • março 2016
  • fevereiro 2016
  • janeiro 2016
  • novembro 2015
  • outubro 2015
  • setembro 2015
  • agosto 2015
  • julho 2015
  • junho 2015
  • maio 2015
  • abril 2015
  • março 2015
  • fevereiro 2015
  • janeiro 2015
  • dezembro 2014
  • novembro 2014
  • outubro 2014
  • setembro 2014
  • agosto 2014
  • julho 2014
  • junho 2014
  • maio 2014
  • abril 2014
  • março 2014
  • fevereiro 2014
  • janeiro 2014
  • dezembro 2013
  • novembro 2013
  • outubro 2013
  • setembro 2013
  • agosto 2013
  • julho 2013
  • junho 2013
  • maio 2013
  • abril 2013
  • março 2013
  • fevereiro 2013
  • janeiro 2013

Categories

  • Ciência
  • Ecologia
  • Ecossistemas
  • Educação
  • Encontro Científico
  • Limnologia
  • LimnoNews
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Relatos de Experiência
  • Sustentabilidade

Categorias

  • Ciência
  • Ecologia
  • Ecossistemas
  • Educação
  • Encontro Científico
  • Limnologia
  • LimnoNews
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Relatos de Experiência
  • Sustentabilidade
Newsletter
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros

LimnoNews | Limnologia UFRJ

No Result
View All Result
  • Sobre Nós
  • Ciência
  • Ecologia
  • Educação
  • Limnologia
  • Meio Ambiente
  • Sustentabilidade
  • Outros
    • Encontro Científico
    • Mudanças Climáticas
    • Relatos de Experiência
    • Ecossistemas

LimnoNews | Limnologia UFRJ

missav';