Num desses dias de janeiro alguém me pediu para fazer um texto sobre férias.
Sim, férias! Como é difícil falar sobre férias. Mesmo quando não estou no laboratório minha cabeça está. Tudo bem, pode ser só a ansiedade. Mas também faço parte desse mundo que não para, dessa geração que não descansa, conectada. Isso! O tempo todo conectada: lendo, vendo, sentindo. Então, ficou difícil falar de férias… bem difícil. Até que pensei: “- Vou fazer uma poesia”. Mas eu não sou lá uma boa poeta, mas conheço alguém que é!! Minha mãe!!
Sim, minha mãe, Vera Casa Nova é uma inspiração em todos os sentidos, além de uma poeta incrível! Falei para ela do meu bloqueio de escrever sobre uma coisa tão abstrata quanto as férias, e pedi que ela buscasse nas suas muitas inspirações as palavras que descrevessem esse momento, quase sentimento. E assim surgiu o pequeno texto que vocês vão ler a seguir:
Férias! Gritou o menino.
Férias! Gritaram os moços.
Férias! Gritaram os avós.
Sempre o tom da liberdade imperava… mas qual liberdade?
Do menino?
Dos moços?
Dos avós?
Mas a falta de dinheiro prá viajar…
Mas as horas sem destino, mas as perdas do tempo.
Impossibilidades dessa alegria sem fim
Trazem outros momentos da vacância.
Repouso?
Descanso?
No fim das férias, uma revelação: voltar ao trabalho que nunca acabou.
Vera Casa Nova* *Professora de Letras aposentada da UFMG, carioca radicada em Belo Horizonte desde 1978, mãe de duas filhas, avó de dois meninos e poeta.